5 de junho de 2018

Opinião – “EVA” de Bnoit Jaquot


Sinopse

Nada havia preparado o jovem e prometedor dramaturgo Bertrand (Gaspard Ulliel) para o seu encontro com a misteriosa e sedutora Eva (Isabel Huppert), que acabaria por se tornar uma obsessão compulsiva.
Este sensual thriller adaptado do romance britânico do mesmo nome da autoria de Hadley Chase é escrito e realizado pelo celebrado autor francês Benoit Jacquot e fez parte da seleção oficial em competição na última edição do Festival de Berlim.

Opinião por Artur Neves

Esta história tem a sua primeira apresentação em cinema em 1962, em versão P/B, pela mão de Joseph Losey, sendo estrelado por Jeanne Moreau e tendo constituído uma das suas boas interpretações. Desta vez, com Isabelle Huppert também não fica atrás, no desempenho de uma mulher, fria, calculista, organizada no seu trabalho de cortesã da classe alta, embora as suas motivações sejam muito mais nobres do que á partida se possa pensar. Aliás, o equívoco é parte fundamental do romance em que se baseia este filme, tal como da vida dos seus personagens e de todos nós na vida real, se não estivermos suficientemente atentos para o identificar.
Bertrand é na realidade um poço de equívocos e de contradições, na sua ocupação de gigolo arrependido e maldoso, na sua pretensão de escritor, embora falhado em inspiração e talento, para assumir o papel que acidentalmente usurpou de um seu eventual companheiro. Equivoco pelas portas abertas por um meio intelectual a que definitivamente não pertence por falta de condições intrínsecas. Equívoco pelo fascínio que sentiu por uma mulher inatingível, desprezando um amor real que ele nunca compreendeu nem soube corresponder mas que está determinado a abandonar por uma mulher que declaradamente lhe disse e mostrou com atos que não quer nada com ele, embora durante toda a história demonstre que sabe o que quer e pelo que luta.
Ao longo da história Eva vai-se revelando como realmente é. A prostituta preferida de um lote de homens velhos a que serve, e de quem se serve, para atingir os seus objetivos financeiros em benefício de um bem maior que é o seu verdadeiro e único amor da sua vida. Todavia, Eva é um ser cansado, que vive no seu recato sempre que pode, a quem a atividade profissional custa a desempenhar e lhe consome muitas energias que precisam ser compensadas com descansos regulares de sono prolongado que lhe propiciem um merecido apagamento.
Não obstante o real valor deste bem arquitetado romance, com todos os vetores de um thriller psicossexual em modo sensual, embora contido e com suspense, o filme parece não descolar de uma mediania monótona e previsível sem possibilidade de exibir o drama palpável que se desenvolve em segundo plano por todos os personagens, embora por motivos diferentes. Benoit Jacquot nunca nos consegue transmitir o clima de tensão crescentes em que os personagens evoluem com uma Eva discreta e sóbria e um Bertrand com um desempenho quase apático mesmo nas situações que o põem diretamente em causa e justificariam um comportamento mais expansivo e determinista. Apesar disso, são 102 minutos que não desiludem, sabem é a pouco!...

Classificação: 5 numa escala de 10

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