Sinopse
Nada havia preparado o jovem
e prometedor dramaturgo Bertrand (Gaspard Ulliel) para o seu encontro com a
misteriosa e sedutora Eva (Isabel Huppert), que acabaria por se tornar uma
obsessão compulsiva.
Este sensual thriller
adaptado do romance britânico do mesmo nome da autoria de Hadley Chase é escrito
e realizado pelo celebrado autor francês Benoit Jacquot e fez parte da seleção
oficial em competição na última edição do Festival de Berlim.
Opinião
por Artur Neves
Esta história tem a sua
primeira apresentação em cinema em 1962, em versão P/B, pela mão de Joseph
Losey, sendo estrelado por Jeanne Moreau e tendo constituído uma das suas boas
interpretações. Desta vez, com Isabelle Huppert também não fica atrás, no
desempenho de uma mulher, fria, calculista, organizada no seu trabalho de
cortesã da classe alta, embora as suas motivações sejam muito mais nobres do
que á partida se possa pensar. Aliás, o equívoco é parte fundamental do romance
em que se baseia este filme, tal como da vida dos seus personagens e de todos
nós na vida real, se não estivermos suficientemente atentos para o identificar.
Bertrand é na realidade um
poço de equívocos e de contradições, na sua ocupação de gigolo arrependido e
maldoso, na sua pretensão de escritor, embora falhado em inspiração e talento,
para assumir o papel que acidentalmente usurpou de um seu eventual companheiro.
Equivoco pelas portas abertas por um meio intelectual a que definitivamente não
pertence por falta de condições intrínsecas. Equívoco pelo fascínio que sentiu por
uma mulher inatingível, desprezando um amor real que ele nunca compreendeu nem
soube corresponder mas que está determinado a abandonar por uma mulher que
declaradamente lhe disse e mostrou com atos que não quer nada com ele, embora
durante toda a história demonstre que sabe o que quer e pelo que luta.
Ao longo da história Eva vai-se
revelando como realmente é. A prostituta preferida de um lote de homens velhos
a que serve, e de quem se serve, para atingir os seus objetivos financeiros em
benefício de um bem maior que é o seu verdadeiro e único amor da sua vida. Todavia,
Eva é um ser cansado, que vive no seu recato sempre que pode, a quem a
atividade profissional custa a desempenhar e lhe consome muitas energias que
precisam ser compensadas com descansos regulares de sono prolongado que lhe
propiciem um merecido apagamento.
Não obstante o real valor deste
bem arquitetado romance, com todos os vetores de um thriller psicossexual em modo
sensual, embora contido e com suspense,
o filme parece não descolar de uma mediania monótona e previsível sem possibilidade
de exibir o drama palpável que se desenvolve em segundo plano por todos os
personagens, embora por motivos diferentes. Benoit Jacquot nunca nos consegue
transmitir o clima de tensão crescentes em que os personagens evoluem com uma
Eva discreta e sóbria e um Bertrand com um desempenho quase apático mesmo nas
situações que o põem diretamente em causa e justificariam um comportamento mais
expansivo e determinista. Apesar disso, são 102 minutos que não desiludem,
sabem é a pouco!...
Classificação: 5 numa escala
de 10
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