11 de junho de 2018

Opinião – “A Cada Dia” de Michael Sucsy


Sinopse

Baseado no aclamado best-seller do New York Times escrito por David Levithan, “A Cada Dia” conta a história de Rhiannon, uma rapariga de 16 anos que se apaixona por uma misteriosa alma chamada “A”, que cada dia ocupa um corpo diferente. Sentido uma ligação ímpar, Rhiannon e “A” todos os dias se esforçam para se encontrarem, desconhecendo o quê ou quem o novo dia trará. Quanto mais os dois se apaixonam, mais a realidade de amar alguém que é uma pessoa diferente a cada 24 horas começa a pesar, deixando Rhiannon e “A” perante a decisão mais difícil que alguma vez tiveram de tomar.

Opinião por Artur Neves

Esta é mais uma história que se apresente como sendo… “para ver como era, se assim fosse como seria…”. É claro que esta frase não faz muito sentido, mas o filme também não, pelo que ao ser citada serve como preparação e aviso para o resto do texto que o leitor decidirá se pretende continuar a ler.
Almas… espíritos sem corpo como a sinopse refere, pertencem a outro género cinematográfico onde este filme definitivamente não se insere. Passado numa escola americana do segundo ciclo entre jovens púberes que convivem entre si com a naturalidade e a esperança inerentes à idade, exceto para Rhiannon, (Angourie Rice, Australiana de 17 anos) que se sente ligada à tal alma nómada designada por “A”, que todos os dias ocupa um corpo diferente do qual expulsa por esse período o seu legítimo proprietário.
Depois de feitas as apresentações, (diariamente Rhiannon tem de encontrar e reconhecer “A” num novo corpo com um novo e diferente rosto) lá seguem as duas… ou “A” e ela… para o desfrute do resto do dia perfeito em sintonia de desejos, gentilezas, quereres e pensamentos coincidentes sobre a existência, sobre o futuro e sobre a vida até às 23h:59min (qual Cinderela dos tempos modernos) para no dia seguinte voltarem à mesma saga repetida naquele dia.
Embora “A” seja sempre o mesmo espírito, todos os dias o assunto em discussão vai divergindo para os diferentes aspetos afetivos, sociais e em relação aos outros, que uma relação como aquela pode propiciar, abordando-se assim diferentes vertentes do crescimento, da maturação do carater dos diferentes jovens postos em presença, premissa esta que pode resultar bem em romance (não duvido do sucesso do New York Times) mas que em filme carece da componente descritiva que o formato não comporta, tornando-se portanto repetitivo, déjà vu, expectante sobre o resultado e com pouco interesse como espetáculo, embora se possa aproveitar como válida a conclusão final veiculada na história.
Michael Sucsy, realizador americano nascido em 1973, já assinou um trabalho do tipo drama, romance, “Prometo Amar-te” de 2012 de pendor algo romântico e outros trabalhos de género diferente como assistente de realização e argumentista, tendo mesmo ganhado um Emmy como argumentista. Ao dedicar-se a esta tarefa, presumo que deve ter avaliado a qualidade do romance que a suporta, mas que todavia em linguagem cinematográfica não funciona como o blockbuster equivalente ao best-seller a que chegou o livro.

Classificação: 4 numa escala de 10

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