18 de abril de 2018

Opinião – “Bullet Head – Ultimo Golpe” de Paul Solet


Sinopse

Três criminosos profissionais aceitam o que julgam ser o golpe da sua vida, mas quando chegam ao local do assalto, um remoto armazém, descobrem que caíram numa armadilha. Agora, cercados do lado de fora pela lei, apercebem-se que dentro do armazém uma ameaça maior os espera – um cão de ataque assassino que os irá obrigar a lutar pelas suas vidas.

Opinião por Artur Neves

Paul Solet, realizador e argumentista americano desde 2003, muito embora com experiencia anterior em cinema, apresenta-nos aqui uma fábula urbana sobre as ligações conturbadas entre humanos e animais, neste caso particular; cães usados em combates ilegais.
A história desenvolve-se em torno de três homens de faixas etárias significativamente diferentes, unidos pelo objetivo comum de se esconderem da polícia após um assalto realizado, com consequências trágicas para um quarto camarada que morre no início da história. O local escolhido é um armazém abandonado, que eles desconhecem possuir um ring de combate, utilizado por um gang organizado para corretagem de lutas clandestinas de cães, obtendo vantagem financeira das apostas dos donos dos contendores.
Durante a sua permanência no esconderijo eles vão trocando experiências e memórias do seu passado que nos dá a conhecer um pouco da personalidade de cada um deles e da sua relação com animais domésticos, nomeadamente cães. É neste local de espera e também de algum reencontro com as suas recordações mais fortes e objetivos futuros, que eles encontram “Blue”, um mastim de combate, ferido, muito maltratado mas ainda com capacidade física e suficiente ódio aos humanos que o utilizaram, para os perseguir e destroçar se eles não conseguirem ficar fora do alcance das suas mandíbulas.
É nesta fase que o filme nos começa a mostrar alguma ação, num jogo de fuga do perigo que os ameaça, em simultâneo com o reencontro das fragilidades e das ligações imprevistas que se formam, num caldo de empatia entre o homem e o cão que o persegue, prometendo-nos que apesar de toda a ignomínia alguns sentimentos nobres de humanidade ainda despertam.
Duma maneira geral estamos em presença de um filme que se desenrola num único local, embora ao longo de vários espaços, se trocam opiniões sobre a vida e sobre o passado de cada um, se perspetiva um futuro que não tem lugar para ocorrer, não por serem criminosos mas antes por cada um à sua maneira sentir ter chegado ao fim, independentemente dos reais motivos que os conduziram aquela situação.
A redenção e a lição de fábula, chega na parte final através de um twist que vem repor os termos como deveriam ser, indiciando que por mais profunda que seja a queda a esperança deve ser a ultima a abandonar-nos. Para uma rodagem num espaço interior a fotografia de Zoran Popovic é agradável, a montagem de Josh Ethier, utilizando flash backs, dá alguma animação à história, mas com estes atores esperar-se-ia um pouco mais, todavia o guião não lhes permite qualquer golpe de asa. Sabe a pouco!…
Classificação: 4,5 numa escala de 10

Sem comentários: