Sinopse
Verão de 1983, norte de Itália. Elio Perlman (Timothée
Chalamet), um precoce rapaz italo-americano de 17 anos, passa as férias na casa
de família, uma mansão do século XVII, a transcrever e tocar música, a ler e a
nadar. Elio tem uma relação próxima com o seu pai (Michael Stuhlbarg), um
famoso professor especializado em cultura greco-romana, e a sua mãe Annella
(Amira Casar), tradutora. Apesar da sua educação sofisticada e talento natural,
Elio continua a ser bastante inocente, principalmente em assuntos do coração.
Opinião
por Artur Neves
O amor, tão profusamente abordado
em cinema, tem nesta história um lugar de destaque em toda a obra, não só pela
abordagem que lhe foi feita, como pela delicadeza pueril com que se conta a
história do despertar da sexualidade de um jovem e do amor que este dirige para
outro homem, adulto jovem, também gentil e delicado, embora com uma presença de
“estrela de cinema”, por vir da América, pela sua estatura atlética, simpático,
disponível e atraente logo ao primeiro contacto.
Luca Guadagnino, de origem
Italiana, nascido em Palermo em 1971, apresenta-nos agora o ultimo romance da trilogia
“Desejo” escrita por André Aciman, utilizada para argumento dos filmes; “Eu sou
o Amor” de 2009 e “Mergulho Profundo” em 2015, também realizados por ele com assinalável
êxito.
A história decorre numa quinta
de uma família abastada e culta que não descura a educação de Elio embora lhe
permita toda a liberdade de que ele precisa para crescer e evoluir de modo
sadio e civilizado. Naquele verão Elio descobre a sua sexualidade no
relacionamento com Chiara (Victoire do Bois) mas vacila na sua orientação
entrando em competição com outras raparigas do lugar que se sentem atraídas por
Oliver (Arnie Hammer) o charmoso investigador universitário americano que vem
concluir a sua formação em cultura greco-romana com o pai de Elio, especialista
na matéria.
Oliver corresponde ao
chamamento de Elio e ambos vivem em segredo uma relação de amor e de desejo que
começa num companheirismo afetivo e evolui para níveis superiores de pertença,
permitindo-lhes viverem naquele cálido verão o amor das suas vidas. O brilhantismo
do filme assenta portanto na evolução de um relacionamento “fora da caixa” contado
durante 132 minutos de modo a esmiuçar os pormenores da descoberta de si,
através duma paixão acidental, mas avassaladora que lhes veio revelar as suas
verdades intrínsecas e provar que a nossa vida é feita por nós próprios e pelas
escolhas que assumimos em determinadas alturas.
A reboque do amor também lá estão
ilustrados; o ciúme, a dúvida decorrente da entrega que leva à frustração
quando sentimos que o tempo muda tudo, até o grande primeiro amor das nossas
vidas. Extraordinariamente bem contado é um filme que se vê sem pressa, permitindo-nos
compreender as personagens nas suas expectativas e prazer mas precisa ser
encarado sem convencionalismos nem ideias feitas, aceitando que o amor é um
sentimento de “banda larga”. A ver recomendo
Classificação: 8,5 numa
escala de 10
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