Sinopse
O detetive alcoólico Harry Hole encabeça
uma unidade de elite que está a investigar o caso de uma mulher que desapareceu
num subúrbio de Oslo quando a neve começou a cair. Não demora muito até reparar
no paralelo entre esse caso e o de um assassino em série chamado “Boneco de
Neve”, com que lidou anos antes.
Realizado pelo sueco Tomas Alfredson trata-se
da adaptação de mais um romance policial homónimo do norueguês Jo Nesbo publicado
em 2007 e corresponde ao sétimo caso da saga do detetive Harry Hole,
interpretado por Michael Fassbender. Fazem também parte do elenco: Rebecca
Ferguson, Charlotte Gainsbourg, Val Kilmer e J.K.Simmons.
Opinião
por Artur Neves
Mais uma vez uma adaptação
ao cinema de uma obra nórdica de qualidade corre mal. Estou a lembrar-me dos
filmes; “Deixa-me Entrar” em 2010 e “Os Homens que não gostam das Mulheres” em
2011, primeiro volume da saga Millenium de Stieg Larsson. Em ambos os casos
houve uma primeira versão realizada por realizadores nórdicos. No presente
filme a realização de Hollywood é a sua primeira adaptação cinematográfica por
um realizador nórdico que não consegue pegar neste intrigante enredo e apresentá-lo
de forma fluida e coerente, tendo ficado alguns furos abaixo das expectativas
iniciais que esta história poderia transmitir.
O principal problema resulta
da forma confusa como a intriga é transmitida ao espectador resultando numa
história sem alma, embora contenha cenas fortes e dramáticas, mas que são “plantadas”
sem o devido enquadramento que lhes confira espessura, drama e aquela trama policial
impregnada de mistério, suspeita e pistas falsas que prendem o espectador à
história e às emoções dos personagens.
Logo no início surpreendemo-nos
ao constatar que o bêbado sem casa que nos apresentam caído na rua (caído do
céu) é afinal o polícia de elite que vai acompanhar e desvendar todo o mistério
do crime. A relação com a mulher de quem está divorciado e com o seu filho
adolescente também só começa a fazer sentido lá muito para a frente. Os outros
personagens são introduzidos sem se saber exatamente a sua relação entre si. A
relação com a sua colega de investigação é-nos mostrada como ambígua e banal,
quando no final toma um lugar e assume atitudes perfeitamente surpreendentes
cuja justificação encontramos somente no fim da história.
O ambiente onde a história
se passa, repleto de neve e de brancura fatal é do melhor que o filme tem
decorrente do trabalho de fotografia, que por si só descreve alguma das justificações
da opressão silenciosa que transparece em toda a história e que o realizador, o
argumentista, ou ambos, não tiveram arte nem engenho para articular os
elementos figurativos a comunicar em cada momento, tornando o filme quase
incompreensível em situações fulcrais para o desenvolvimento da ação, incompleto
e provocando a alienação do espectador, por se sentir incomodado com a sua
própria incompreensão.
Ainda assim trata-se de um thriller que na versão de romance deve
ser muito interessante, pois a história é forte, os elementos estão lá todos, e
no final até se compreende toda a intriga, lamenta-se é que seja só no final. A
imagem é muito boa e toda aquela frieza gélida do rigoroso inverno nórdico acentua
o espírito sombrio do filme e se conseguirmos aguentar todas as perguntas que
nos veem á mente até final podemos não dar o nosso tempo por completamente
perdido.
Classificação: 5 numa escala
de 10
Sem comentários:
Enviar um comentário