2012, Portugal entrou em
colapso e Daniel, como milhares de Portugueses, perdeu o emprego e deixou de
poder pagar a prestação da casa. A mulher foi-se embora para a aldeia natal e
levou os dois filhos com ela. Os seus dois melhores amigos encontram-se ausentes,
Almodôvar foi preso quando, desesperado, procurava encontrar uma solução e
Xavier está fechado em casa, profundamente deprimido porque o site que os dois criaram para as pessoas
se entre ajudarem foi um absoluto fracasso. Mesmo assim Daniel não desiste de
ter esperança…
Opinião
por Artur Neves
Na sua essência o “Índice
médio de Felicidade” é um conceito psicológico que pretende quantificar o grau
de satisfação de cada individuo, consigo próprio e com a vida que leva,
apreciando-o com nove parâmetros diferentes que vão variando em função da
idade, formação, local de residência, estrato social e outras variáveis de
estado, que não podem ser resumidas num número, como este filme nos apresenta,
atribuído aleatoriamente por cada indivíduo, quase porque sim.
Todavia, deixando de parte
esse “pormenor”, o filme baseia-se na história recente da crise monetária mundial
e dos seus efeitos em Portugal, apresentada em forma de narração pelo
protagonista da sua desdita, da infelicidade em ter de se separar da mulher e
dos filhos, procurar desesperadamente emprego para tentar salvar a casa, da
qual já deve algumas prestações e obstinadamente tentar seguir um plano que ele
próprio já verificou ter falhado. Tudo á sua volta desaba mas ele segue a
esperança vã de obtenção do sucesso á custa da continuação do seu plano
estabelecido noutro contexto e noutro tempo.
No entanto a história é
consistente, apresenta-nos personagens com quem nos poderemos cruzar na rua e
inferir pela sua aparência o seu grau de disfunção social, mercê de uma direção
de atores regrada e inteligente. Cada personagem está bem caracterizada e
entregue a um ator que a trabalhou com competência. Porém a ideia geral da
história é simples o que faz com que o filme se estenda para lá do razoável com
cenas óbvias que funcionariam igualmente bem induzindo esse pensamento no
espetador em vez de o mostrar, como para nos indicar que também o sabemos
fazer.
O pedido de ajuda no site funciona assim como o switch de inovação, que baralha os dados
tão porfiadamente estabelecidos até aqui e com alguma resistência surge a ideia
da viagem para ajudar o próximo, uma entidade totalmente desconhecida, que
funciona como motivo de abandono a todo o sofrimento vivido até então, como
redenção para toda uma vida de falhanço e da “noite fez-se dia” e alegria,
porque ajudar todos os que têm dificuldades é o nosso destino e a nossa missão
nesta terra.
Bem… toda aquela euforia soa
mais a falso do que a obstinada persecução de um esquema repetidamente falhado.
A alegria estampada em todos os rostos, outrora fechados e amorfos, excede
largamente toda a tristeza e desespero dos primeiros tempos e isso, surgido
assim como um piscar de olhos “cheira-nos a esturro”, ou seja… os gajos
passaram-se mesmo da marmita. No seu todo a história comove e diverte, embora
me tenha perguntado várias vezes onde é que eles teriam carregado os smartphones, o tablet e o portátil ao longo de toda esta dramática história.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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