29 de julho de 2017

Opinião – “Baby Driver – Alta Velocidade” de Edgar Wright


Sinopse

Baby, um jovem e talentoso condutor, especialista de fugas em assaltos (Ansel Elgort), confia na batida da sua banda sonora pessoal para ser o melhor.
Quando encontra a miúda dos seus sonhos (Lily James), Baby vê nela a oportunidade de deixar para trás a sua vida de crime e sair de forma airosa desse universo.
Mo entanto, ao ver-se coagido para trabalhar para um chefe do crime (Kevin Spacey) e quando um golpe mal sucedido ameaça a sua vida, o seu romance e a sua liberdade, ele terá de optar pela música certa…

Opinião por Artur Neves

Esta história é uma lufada de ar fresco aos argumentos tradicionais de gangs de assaltos a bancos e embora contendo todos os elementos de violência, dureza e crime do género apresenta-nos os factos sob o manto diáfano da juventude, ligeireza e esperança no futuro, do motorista de fuga dos assaltos, o tal “Baby” do título, interpretado por Ansel Elgort que consegue um desempenho simpático, presumindo que o hard work a que o papel obriga é conseguido pelos muitos duplos referidos no genérico do filme.
Outra nota de diferenciação da história é a caraterística deste “motorista” cometer as maiores proezas e viver constantemente de auriculares colocados nos ouvidos, numa clara referência ao emergente “personal áudio”, através de todos os elementos capazes de processar música em formato digital, todavia ele vai mais longe, considerando que compõe e arranja, peças musicais sugeridas pelos ruídos do ambiente que o cerca no seu dia-a-dia de corridas de carro em fuga pela cidade.
Toda a história é construída em torno do crime e da sua postura naïf de jovem em crescimento, cuidador do pai adotivo e apaixonado fulminantemente pela empregada do snake-bar que o encantou ao som de palavras livremente trauteadas durante um fortuito primeiro encontro. Toda a música ocupa um lugar significativo na história, nos assaltos e serve como pano de fundo redentor para uma atividade que cedo nos parece que não pode acabar bem.
A ação mostrada em todo o filme está bem estruturada, credível e realista, com cenas de condução em cidade perfeitamente excecionais, considerando que a realidade que o cinema nos permite visionar, é uma realidade aumentada que constitui precisamente o seu papel na nossa vida, servindo para nos emocionar, divertir e fazer pensar nas diferentes nuances que o argumento nos apresenta para inferirmos como seria se de facto aqueles eventos se verificassem.
Edgar Wright realizador e argumentista desta história, Inglês de nascimento já com provas dadas no meio e no género consegue transmitir-nos a emoção dos assaltos e a inocência do amor emergente, o calculismo do “patrão”, interpretado por um Kevin Spacey, pesado e autoritário e a loucura submissa dos desvalidos da vida que os praticam, a compaixão pelos fracos e a sempre necessária esperança no futuro e na vida que nos espera depois de ultrapassado o presente que nos desagrada.
Este filme tem qualidade, é sério e divertido em simultâneo, recomendo

Classificação: 8 numa escala de 10

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