Sinopse
No intenso
thriller “Águas Perigosas”, Nancy (Blake Lively) está a surfar numa praia
isolada quando é atacada por um tubarão branco, ficando presa num rochedo a
curta distância da costa. Embora a apenas 200 metros da sobrevivência,
atravessar essa distância provará ser o derradeiro desafio.
Opinião
por Artur Neves
Quem conhece ou de alguma
maneira tomou contacto com a saga Tubarão I; II; III e IV dos anos 1975; 1978;
1983 e 1987 respectivamente, já sabe ao que vem ao assistir a esta história de
Jaume Collet-Serra, realizador espanhol, nascido na Catalunha em 1974 e já com
alguns créditos no género conferidos por filmes como; “A Casa de Cera” em 2005,
“Sem Identidade” em 2011 ou “Non Stop” em 2014, todos eles filmes com acção de
desfecho previsível, donde pode induzir-se algo semelhante nesta história que
todavia contém alguns elementos diferenciadores, que não sei se foram lá
colocados por vontade expressa do autor ou apenas para conferir mais emoção ao
filme. Seja como for estabelecem um factor de diferenciação significativo,
entre esta e as outras realizações.
Em todos os filmes
anteriores de tema semelhante e reportando-nos ao primeiro de 1975, realizado
por Steven Spielberg, os homens (neste caso Roy Scheider, Robert Shaw e outros)
são os “heróis” da acção, os protagonistas da salvação das mulheres e das criancinhas
que ao banhar-se nas águas da praia são confrontados com um gigante tubarão
branco que os quer transformar em refeição.
No caso presente, temos uma
estudante de medicina, com dúvidas na carreira, que apanha um táxi, para a
praia da sua infância, algures no México, a fim de praticar surf. No local
trava conhecimento breve com residentes, e juntos surfam algumas ondas até que
os dois rapazes resolvem voltar. É aqui que Nancy Adams toma contacto com o
perigoso tubarão branco que se banqueteava com a carcaça de uma grande baleia e
que Nancy veio perturbar. As cenas que se seguem reportam-se à tentativa do
tubarão em “caçar” a sua nova presa contemplando a fase emotiva que o filme
contém e nos prende à história, muito embora se “adivinhe” que tudo vai acabar
bem.
Como este encontro se dá a
alguma distância da costa, Nancy tem de se defender como pode, refugiando-se
precariamente nos elementos ao seu dispor. Durante esta luta pela vida, chega à
praia um Mexicano bêbado, que depois de lhe roubar os pertences com mais
interesse, decide tomar banho e é apanhado pelo tubarão. Mais tarde chegam os
surfistas do dia anterior que sem perceber a gesticulação de aviso e de terror
de Nancy, lançam-se à água com as pranchas e são igualmente trucidados pelo
agressor de serviço.
Resta portanto a nossa
heroína solitária, resistente, estóica, que com elegância e inteligência para
frustrar as investidas do tubarão, faz passar a mensagem subliminar, de uma
mulher autónoma, segura de si, independente, moderna, conquistadora do seu
espaço, que apesar das provações dolorosas que este encontro lhe causou ainda
possui discernimento e capacidade de manobra para, fazendo de si própria engodo
para o tubarão lhe provocar a morte, utilizando a força selvagem do animal que
a perseguia.
Isto é um aviso homens, os
heróis já eram, agora estamos a entrar na vez delas dominarem o mundo, pelo
menos em histórias como esta, em que anteriormente os homens é que pontuavam.
Para lá deste aspecto, o filme está relativamente bem feito, convincente na
maioria das situações e constitui um bom motivo de diversão recheado de emoção.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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