Sinopse
Três
anos após a sua morte inesperada, a preparação de uma exposição em homenagem á
famosa fotógrafa de guerra Laura Freed reúne o marido e os filhos, pela
primeira vez em anos.
Mas
quando um segredo perturbador ressurge, os três homens são forçadas a olhar uns
para os outros e para si mesmos sob uma nova luz.
Um retrato
de sonhos, decepções e segredos familiares desenvolvido através de fragmentos
não-lineares de memórias partilhadas, desafios diários e tentativas forçadas de
coexistir.
Opinião
por Artur Neves
Ensurdecedor
(“Louder then Bombs” no original, ou; “Mais Ruidoso que Explosões de Bombas” em
tradução livre) é um filme de silêncios instalados no seio de uma família de
quatro pessoas. Silêncio conformado do pai, silêncio angustiado da mãe, silêncio
evasivo e indeciso do filho mais velho e silêncio revoltado do filho mais novo.
Este
silêncio construído durante os anos de convívio próximo, continuado durante as ausências
da mãe em trabalho no exterior, bem como, nos intervalos de presença desta, com
as suas dúvidas relativamente à sua justificação naquela casa e à perturbação
introduzida nas rotinas diárias, nas quais ela não interfere com a sua presença
naqueles períodos. Foi este caldo familiar que os separou, que os acantonou nas
suas premissas e que os tornou individualmente frágeis e duvidosos quanto aos
seus próprios projectos e sentido de vida.
A solução
que surge para tentar amenizar a angústia dos dias, são os silêncios e com eles
os segredos das frustrações sufocadas, dos temores reprimidos, da fuga para a frente,
da procura obstinada do trabalho, de mais trabalho sempre, para justificar a ausência
sentida nos momentos em que ela não deveria existir, até ao fim definitivo que
surge no acidente de automóvel da mãe da família.
Acidente
ou suicídio?... é a dúvida… ou a confirmação da suspeita intuída pela vida
anterior em que todos viveram de costas voltadas para tentar esconder o vazio experienciado
por cada um à sua maneira. É neste “pântano” que Joachim Trier mergulha o
espectador nesta história de que também é autor, para além de condutor de
actores que defendem muito bem os seus personagens.
Este
é o 3º filme deste realizador Norueguês que tem subido significativamente de
nível desde “Reprise” em 2006 e “Oslo – 31 de Agosto” de 2011, ambos constituídos
por histórias intimistas de espíritos perturbados. Na presente história a
fasquia está mais alta pois nem os motivos nem os factos estão completamente
determinados deixando para o espectador o trabalho de compilar os indícios que
nos são apresentados ao longo de uma narrativa feita de sombras, reflexos, meias
palavras e revelações que não esperaríamos, criando o ambiente perfeito da
família falhada, confrontada de supetão com os motivos da morte inesperada.
“Filho
e neto de peixe” (pai sonoplasta e avô realizador de cinema) Joachim Trier é um
realizador que merece a nossa atenção em futuros trabalhos considerando que
neste consegue uma história plena de surpresa e tensão num ambiente deprimido e
desconexo entre os seus intervenientes. Recomendo o seu visionamento, como
sendo um tempo de análise de uma situação que embora fictícia, poderá existir,
Classificação:
7 numa escala de 10
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