7 de abril de 2016

Opinião – “Criminoso” de Ariel Vromen


Sinopse
A história do homem certo no corpo errado. Num derradeiro esforço para travar um plano diabólico, as memórias, segredos e competências de um operacional da CIA morto (Ryan Reynolds) são implantadas num imprevisível e perigoso psicopata condenado (Kevin Coster), na esperança que este venha a completar a missão de que o operacional estava encarregue.

Com um elenco fenomenal, que conta ainda com Tommy Lee Jones, Gary Oldman e Gal Gadot, “Criminoso” é o mais recente trabalho de Ariel Vromen, o realizador de “Um Homem de Família” e do argumentista de “O Rochedo”.

Opinião por Artur Neves
O terrorismo internacional está na moda pelas piores razões que todos conhecemos e o cinema utiliza essa realidade para nos elucidar sobre as piores previsões a que o mesmo pode chegar, lançando mão da sofisticação científica existente no mundo ocidental, ou ainda, da antecipação previsível a que esse desenvolvimento nos pode conduzir, que se concretiza na história contada neste filme. É pois uma história de acção a rodos que não pode deixar de incluir uma perseguição automóvel com os inerentes “car crashings” de belo efeito, catalisadores de uma emoção que a história realmente não tem.
Os argumentos de espionagem internacional, com intrigas entre potências rivais é por si só um tema suficientemente rico para conseguir desenvolver emoção, surpresa, expectativa e outros sentimentos contraditórios que prendem o espectador à acção sem necessidade de lhe tentarem “vender” uma hipotética “transmissão de pensamento”, literalmente falando, entre um agente da CIA morto em serviço e um criminoso (que dá o nome ao filme) quase “primata”, selvaticamente violento, com carências cognitivas de índole pessoal e social que lhe conferem características quase inumanas, interpretado por um Kevin Costner em fim de carreira.
Esta escolha porém não é inocente, porque como nos é dado conhecer, a tal “transmissão de pensamento” produz um efeito corrector dos desvios intrínsecos da personalidade do sujeito que fazem emergir a faceta paternal do actor, quase “lamecha”, e então tudo fica correcto para os desígnios da “inteligence agency” mais famosa do mundo que assim pode salvar a humanidade do colapso para que todos possamos dormir descansados e protegidos e ficar bem na fotografia.
Este assunto sobre segurança internacional é suficientemente interessante para nos apresentar histórias de espionagem com maior rigor formal do que esta, sem ser necessário recorrer aos limites da ficção científica como é caso do transplante de memória entre humanos, que aliás constitui assunto já abordado em filmes de ficção científica. Não sou contra esta área de utilização cinematográfica e muito menos, sobre a abordagem de assuntos tecnológicos de ponta, não compreendo é que a sua utilização permita, assim com um estalar de dedos, transformar um “criminoso” num pai protector só para amenizar uma história de contornos forçados que não nos convence tal como nos é contada.
Fica-nos porém todo o resto de um filme de acção, com todos os ingredientes mais ou menos comuns, bem feito, com efeitos especiais espectaculares q.b., que se vê com agrado, não fosse a grande mistificação anteriormente referida. Para “ele”, excluindo “esta”, vai toda a classificação mencionada a seguir.
Classificação: 5 numa escala de 10

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