Sinopse
Giovanni Drogo, recém-nomeado nomeado oficial, aproxima-se do seu
destino, a fortaleza Bastiani, com um indefinível pressentimento de que
algo na sua vida o conduz a uma total solidão. A fortaleza, enorme,
amarela, situada nos limites do deserto, outrora reino dos míticos
Tártaros, acolhe-o na sua misteriosa imponência. Dentro desta, o tenente
Drogo é contaminado pelo clima heróico de avidez de glória que parece
petrificar, numa espera perene, oficiais e soldados. Aguardando todos o
dia em que os inimigos virão do Norte...
Opinião por Xano Vahia
Obra de Dino Buzatti, “O Deserto dos Tártaros”, conta-nos a história de um jovem oficial do exército, Giovanni Drogo, que é mobilizado para a fortaleza Bastiani afim de cumprir dois anos de serviço. Antes da partida da cidade natal, e do abandono da sua mãe e irmãos, sente um misto de angústia e de ansiedade, típico de quem deixa toda uma vida para trás, para dar lugar a uma nova há muito sonhada. Ao longo da viagem rumo à sua nova unidade, rejubila com o que o aguarda, fazendo planos das grandes batalhas que irá travar, dos feitos gloriosos que lhe estão destinados, do reconhecimento dos seus pares e finalmente da consagração final aos olhos da própria nação. Ao penetrar as altas muralhas da fortaleza, a quimera formada no seu íntimo desvanece, ficando perplexo com o ar desolador que aí encontra. Homens derrotados, paredes frias e húmidas vencidas pelo tempo da longa espera de uma batalha que nunca chega a acontecer, destruindo, assim, a réstia de esperança, ”os corvos fazem o ninho e as andorinhas vão-se embora.” A ânsia de partir demonstrada aos seus superiores dá lugar a um orgulho cego, misturado com a crença de que um dia a grande batalha será travada e que valeu a pena aquele sacrifício, levando-o a desperdiçar a sua juventude.
“O Deserto dos Tártaros” é a analogia perfeita que define as vidas de milhões de pessoas, demonstrando as suas crenças castradoras de evolução, os sonhos há muito perdidos, privilegiando as rotinas extenuantes em detrimento da audácia. No final, a aceitação da vida medíocre como o prémio que foi possível, não sem antes sentir o amargo de boca de que tudo poderia ser diferente se...
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