31 de março de 2016

Opinião "A Mulher que queria matar o bebé da vizinha", de Liudmila Petrushévskaia

A Mulher que queria matar o Bebé da Vizinha
Autor: Liudmila Petrushévskaia
Relógio d’Água
Edição: 2012
Sinopse
Durante a guerra, um coronel recebeu carta da mulher em que ela lhe dizia ter muitas saudades e lhe pedia que a fosse ver porque tinha medo de se finar sem estar com ele pela última vez. O coronel solicitou a licença e, como tinha sido condecorado havia pouco, conseguiu três dias. Foi de avião, mas, uma hora antes da sua chegada, a esposa faleceu. O homem chorou, fez o funeral da mulher, tomou o comboio para regressar, mas de repente descobriu que perdera o cartão de membro do partido. Revolveu todas as suas coisas, tornou à estação donde partira, tudo isso com grandes dificuldades, mas não encontrou nada e acabou por voltar para casa. Ali adormeceu e, de noite, sonhou com a mulher que lhe disse que o cartão do partido estava no seu caixão, do lado esquerdo, tendo caído quando o coronel a beijara. Avisou-o também de que não devia levantar-lhe o véu da cara.
Opinião Por Francisca Martins
Não conhecia o livro e não conhecia a autora. Li a sinopse e senti uma vontade inexplicável de ler mais… Ainda hoje não sei dizer o que foi, foi só uma grande vontade de cointinuar a ler.
Tratei de arranjar o livro e começar a lê-lo o mais rapidamente possivel. É um livro que se lê muito depressa, porque não é muito grande e porque são contos.
Pequenos, intensos, imersivos e que não nos deixam largar o livro enquanto não estiver acabado aquele conto.
Nesta obra de uma escritora russa, contemporãnea e com apenas sois livros publicados em Portugal, pela Relógio d’Água (Hora: Noite, 2011), estão reunidos dezanove contos com uma qualidade literária inquestionável, curtos, imprevísiveis, terríficos, dramáticos, intensos e fantásticos.
Passam-se num mundo repleto de imagens que não são as nossas e de tradições e costumes que não são os nossos. E se uma das melhores coisas que a literatura tem é a capacidade de nos fazer viajar, com estes contos viajamos para uma Rússia, fria, fechada, carregada de costumes e tradições novas.
São contos imprevísiveis, com uma crueldade e um humor negro absolutamente delicioso: contam as histórias de vida de homens e mulheres, de maridos e mulheres, pais e filhos, vizinhos e conhecidos, que se passam em florestas, em aldeias remotas, na cidade, em apartamentos e em comunidades, com gatos e gatas, bruxos e fantasmas com comportamentos ambíguos e sinistros, motivados pelo medo, pelo ódio ou pela vingança, muito próximo da loucura e onde às vezes o amor vence a morte.
Mais um livro que pode passar despercebido, mas que não deve ser deixado de lado!

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