4 de março de 2016

Opinião – “Irmãos e Espiões” de Louis Leterrier


Sinopse

Nobby tem tudo o que um homem de uma pobre cidade pesqueira inglesa pode desejar – 9 filhos e a namorada mais atraente do norte de Inglaterra. Só falta uma coisa na sua vida: o seu irmãozinho, Sebastian. Depois de terem sido adoptados por famílias distintas em crianças, Nobby passou 28 anos a tentar localizá-lo. Finalmente quando descobre o seu paradeiro, Nobby parte para se reunir com o seu irmão, sem saber que este é um agente do MI6, nem que acabou de desvendar um plano que colocava o mundo em perigo. Em fuga e injustamente acusado, Sebastian apercebe-se que para salvar o mundo, vai necessitar da ajuda do maior dos idiotas.
Opinião por Artur Neves
Rir é um acto inteligente, o acto de rir decorre de uma actividade intelectual secundária na medida em que surge da apreensão de uma realidade oculta, através de um facto, ou de um evento que revela uma ligação implícita com essa realidade que se constatou.
O filme de Sacha Baron Cohen não tem nada disto, digo, filme de Sacha B. Cohen, apesar do realizador ter sido outra pessoa, porque a história e o argumento são dele e porque este actor britânico nascido em Londres, em 1971, atingiu o estrelato em 2006 com a personagem de “Borat”, um Cazaque emigrado nos USA “para aprender a cultura da América para trazer benefício glorioso à nação do Cazaquistão”, igualmente concebeu a história e fez o argumento de um filme curioso, divertidamente cómico, glosando com as diferenças entre o seus hábitos citadinos e a vida da pobre aldeia onde nasceu e onde regressou, fazendo-nos rir com trocadilhos culturais inerentes às mais variadas cenas do quotidiano.
Actualmente porém o caso é muito diferente, em 2016 aparece-nos com uma história que começa bem, a apresentação dos personagens, principalmente de “Nooby”, interpretado por Sacha, a sua caracterização social e da sua família, os seus interesses, amigos e divertimentos, através de uma série de “gags” que nos fazem rir sem reservas, mas ficamos por aqui.
No desenvolvimento da acção a história envereda por sequências de mau gosto, grotescas mesmo, pretendendo tornar risíveis situações absolutamente improváveis e impróprias que só nos motivam sorrisos de desdém e de alguma pena, pelo tratamento dado a uma história que noutras mãos até poderia fazer-nos rir. Não seria uma história inédita, porque este tema já foi diversas vezes abordado no cinema, mas poderiam ser construídos “gags” com menos mau gosto e mais graça.
Não pense o leitor que sou um puritano e que o que me desagradou foram as cenas relacionadas com sexo porque não é nada disso. Para mim o sexo, hétero ou homo não é de modo algum e sobre qualquer condição um tema tabu. O meu desagrado resume-se afinal ao descalabro pseudo erótico e vincadamente de cariz sexual grotesca em que o filme se torna, onde vale tudo para tentar criar diversão e riso alienante, com situações limite da prática sexual, pela pura exibição fantástica delas próprias, sem ligação alguma com o que efectivamente seriam se acontecessem.
Ainda assim o trabalho de actores é notável, mesmo o dos menos destacados e dos duplos, que cumprem com as tarefas que lhe foram incumbidas, numa história sem rasgo, com alguma perda de continuidade em algumas sequências e que ainda se vale alguma coisa, é só pelo primeiro quarto de hora. A classificação atribuída vai toda para o trabalho dos actores.
Classificação: 4 numa escala de 10

Sem comentários: