Sinopse
Nos anos 40, a carreira
de sucesso do argumentista Dalton Trumbo (Bryan Cranston) chega ao fim quando
ele e outras figuras de Hollywood entram na lista negra pelas suas convicções
políticas. TRUMBO, (realizado por Jay Roach) conta a história da sua luta
contra o governo americano e os patrões dos Estúdios, numa guerra pelas
palavras e pela liberdade, que envolveu muita gente em Hollywood, tais como;
Hedda Hopper (Helen Mirren), John Wayne, Kirk Douglas e o realizador Otto
Preminger.
Este
é um filme com um fantástico elenco onde, para além de Bryan Granston e Helen
Mirren, encontramos também Diane Lane e John Goodman.
Opinião por Artur Neves
A
vida de Trumbo, (Dalton Trumbo interpretado por Bryan Cranston) argumentista de
Hollywood nos tempos da guerra fria entre os Estados Unidos e a extinta União
Soviética, é de novo motivo para nos ilustrar o que foi essa página negra da
história dos USA e do “Macartismo” personificada pelo senador Joseph MacCarthy e
a sua famosa “Black List” que
coleccionava nomes de pessoas apelidadas genericamente de “comunistas” e como
tal acusadas de inimigas do estado e do seu “way of life” tão querido a uma certa América tacanha, conservadora
e retrograda, que apenas pretendia um bode expiatório que fizesse dissimular as
suas práticas fraudulentas em benefício próprio como o filme reporta embora de
modo breve e ligeiro.
O
realizador Jay Roach pretende dar-nos uma visão desse período da história mas o
que consegue é oferecer-nos um filme maniqueísta com os bons (os comunistas) de
uma lado e os maus do outro, num confronto entre o “bem” e o “mal” no qual as
qualidades e virtudes estão todas do lado dos primeiros e os outros corporizam
o mal absoluto, representado na figura de um John Wayne como sendo pouco mais
do que um rufia débil mental.
De
certa maneira este filme ilustra a esquizofrenia de Hollywood em relação à
época da “caça às bruxas” e procura através da desvalorização do comunismo de
Trumbo uma expiação para os desmandos cometidos em nome da salvação da América
e talvez por isso, remete para o fim do filme, mesmo depois dos créditos finais
o discurso de Dalton Trumbo numa entrevista para a televisão, onde este declara
que a história futura não encontrará naqueles tempos vilões ou heróis, santos
ou demónios, mas apenas e somente, vítimas de um poder discricionário e déspota
que foi muito injusto e fez sofrer muitas pessoas sem respeito pelas evidencias
e condenando inocentes sem provas concretas das acusações formuladas.
A
visão complacente que o realizador pretende transmitir ao público daquela época
negra, é semelhante à parábola utilizada por Trumbo para explicar à filha de
dez anos a essência de comunismo, como se a partilha de bens fosse apanágio da
esquerda e qualquer outra tendência política, ou qualquer outra pessoa sem
ideologia ou filiação partidária não pudesse ter o mesmo sentimento de equidade
com os menos afortunados da vida.
Para
lá destas fraquezas de narrativa o filme está bem feito, a interpretação de
Bryan Cranston é convincente, o ambiente dos USA de 1947 transparece por todo o
filme, Diane Lane, no papel de esposa de Trumbo corporiza bem o eixo que mantém
aquela família unida em torno de um homem inteligente embora truculento, bom
profissional e amante da sua profissão, tenaz, resiliente, aglutinador de
outras vontades e motivador de uma luta sub-reptícia que conseguiu expor a
incongruência e a injustiça contidas na “Black
List”. É um filme que deve ser visto mesmo até ao fim para que não se perca
o revelador discurso na entrevista do verdadeiro Dalton Trumbo.
Classificação:
6 numa escala de 10
Sem comentários:
Enviar um comentário