17 de fevereiro de 2016

Opinião – Salve, César! de Joel & Ethan Coen


Sinopse
Quatro vezes galardoados com Óscares®, os cineastas Joel e Ethan Coen (Este País Não É Para Velhos, Indomável, Fargo) escrevem e realizam SALVE, CÉSAR!, uma comédia repleta de estrelas, com Hollywood na sua Era Dourada como pano de fundo. Com Josh Brolin, George Clooney, Alden Ehrenreich, Ralph Fiennes, Jonah Hill, Scarlett Johansson, Frances McDormand, Tilda Swinton e Channing Tatum nos principais papéis, SALVE, CÉSAR!acompanha um dia na vida de um responsável de um estúdio a quem se deparam muitos problemas para resolver.

Esta comédia é produzida pela Mike Zoss Productions, dos irmãos Cohen, juntamente com Eric Fellner e Tim Bevan, da Working Title Films.

Opinião por Artur Neves
Não é a primeira vez que a dupla de realizadores, formada pelos irmãos Coen investe na área da comédia e tal como noutras ocasiões, com o sucesso esperado.
O seu humor é de fino gosto e graça requintada através da exibição de fraquezas humanas comuns que eles apresentam na vivência quotidiana dos seus dias, ditos; “normais”, como que da representação da vida se tratasse, desfilando entrelaçadamente eventos relacionados ente si, mas com uma lógica recheada de crítica social, malícia suave e surpresa no seu desenlace.
Desta feita, situamo-nos nos anos 50’s, nos estúdios cinematográficos da Capitol Pictures, acompanhando o responsável da empresa na sua actividade diária de gestão procurando responder com eficácia aos múltiplos conflitos com que se vê confrontado, incluindo o seu próprio aliciamento para presidente de uma industria totalmente diferente da industria cinematográfica.
Por entre os diferentes filmes em processo de realização, o nosso “herói” tem de se confrontar com problemas pessoais de actores, contratações de actores engajados a outros projectos, críticas malévolas de colunistas de jornais, rapto, onde todo o mundo do cinema é representado nas lutas intestinas e nas suas disputas, criando um fio condutor de intriga e mistério, condimentado com discussões religiosas e filosóficas que na sua crua e sumária apresentação fazem deste filme uma comédia espectacular que nos faz rir e pensar na actualidade das suas premissas.
Nada foi deixado ao acaso, todas as cenas dos diferentes filmes que nos são apresentados têm uma conotação directa com a realidade para lá do celulóide, valendo também como testemunho dos problemas emergentes ao trabalho cinematográfico e a todos os pequenos grandes dramas gerados continuamente naquele “caldeirão”.
O elenco é todo de primeiras figuras que se confrontam igualitariamente entre si, em projectos independentes, num filme sem heróis, mas onde os vilões estão fora de cena e interagem conflituosamente com os objectivos da produção que tem de os ultrapassar. Bem ao jeito dos irmãos Coen é um filme multifacetado que apresenta cirurgicamente os problemas desta arte, com arte, inteligência, pormenor descritivo para nos divertir seriamente.
Este filme vai ser apresentado na Berlinale, em Fevereiro deste ano, na secção de competição, e não estranharia de modo algum a sua boa aceitação pelo júri internacional presidido pela decana; Meryl Streep. Recomendo vivamente.
Classificação: 7 numa escala de 10

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