12 de dezembro de 2015

Opinião - "Um Presente do Passado" de Joel Edgerton


Sinopse:
Simon (Jason Bateman) e Robyn (Rebecca Hall) casaram há pouco tempo e estão muito felizes até o dia em que ele reencontra Gordo (Joel Edgerton), um colega de escola. Um segredo do passado dos dois vem à tona e Robyn sente-se cada vez mais insegura perto do companheiro.
 
Opinião por Marta Nogueira
Esta é a primeira longa-metragem de Joel Edgerton, actor australiano de Star Wars: Ataque dos Clones, Warrior e O Grande Gatsby. E para principiante, Edgerton consegue realizar um filme sufrível do ponto de vista técnico, cumprindo todos os clichés do género do thriller psicológico, mas fica-se por aí. Parece que recuámos no tempo e estamos a visionar uma amostra suficiente de outros grandes êxitos da década de 80 como "Atracção Fatal" ou "O Vizinho". No entanto, as comparações começam e acabam aí. Onde os outros conseguiam surpreender porque na altura eram a novidade para audiências ainda pouco habituadas a sustos gratuitos, hoje em dia esses truques já não funcionam e não conseguem por si só carregar um enredo pouco complexo até ao fim.
A primeira parte do filme peca por ter muita falta de ritmo e, se na segunda parte essa falha é colmatada, já chega demasiado tarde. Os personagens são pouco consistentes e a actriz principal, Rebbeca Hall, consegue ser verdadeiramente amadora na construção da sua personagem, uma mulher assombrada por fantasmas antigos que envolvem uma gravidez interrompida e comprimidos, mas que nunca são claramente esclarecidos ao longo do desenrolar da história.
O amadorismo da realização é apenas desculpável por se tratar de uma primeira obra, mas imperdoável se pensarmos que muito já se inovou neste género cinematográfico para permitir este tipo de fórmulas mais que batidas, momentos de tensão e suspense gratuitos e um enredo que tenta esforçadamente apresentar uma alternativa diferente ao clássico tema do bullying, mas que mete os pés pelas mãos sem conseguir prender o espectador que, com um mínimo de atenção, antecipará certamente a maioria dos diversos twists, incluindo o floreado final supostamente destinado a surpreender.
Do ponto de vista cenográfico, as soluções mais ambiciosas passam por jogos de analogia com a transparência/veracidade dos dois personagens rivais, através do abuso da utilização de planos de vidros e das suas diferentes opacidades.
No que diz respeito aos actores, destaque apenas para o mais conhecido, Jason Bateman, que tenta distanciar-se do seu registo de comédia para tentar um tour de force psicológico, mas que apenas sobressai à custa da monotonia do restante elenco.
Em resumo, um thriller psicológico que de psicologia tem pouco e de thriller concorrentes bem mais interessantes. Um filme que exige pouco do espectador e que agradará, por isso, a espectadores pouco exigentes.

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