Sinopse:
A
dupla vida do pintor dinamarquês Einar Mogens Wegener, um dos primeiros homens
a submeter-se a uma operação de mudança de sexo, transformando-se em Lili Elbe. Baseado no livro
homónimo de David Ebershoff, a história mostra o amor de Wegener com Gerda
Gottlieb e os acontecimentos após a mudança de sexo em 1930.
Opinião por Marta Nogueira
A Rapariga Dinamarquesa retrata a história
verídica do casal dinamarquês Einar e Gerda, dois pintores do princípio do
século XX famosos não pelo seu trabalho mas por terem protagonizado uma das
primeiras mudanças de sexo da história.
O filme centra-se na relação íntima do casal e
na comovente amizade e amor que partilham, apesar das enormes vicissitudes do
seu percurso. Ambos os actores, Eddie Redmayne e Alicia Vikander têm
desempenhos verdadeiramente maravilhosos e arrisco prever que pelo menos
Redmayne terá a sua segunda nomeação para o oscar de melhor actor (ganhou o ano
passado com A Teoria de Tudo). Este papel oferece-lhe novamente um desafio
físico semelhante ao retrato do cientista Stephen Hawking, mas de
características diferentes – Redmayne altera de forma muito subtil e brilhante
a sua compostura física, do masculino para o feminino. E a academia costuma
privilegiar este tipo de desafios físicos nos desempenhos masculinos. Quanto a
Vikander, a sua prestação da doce, determinada e compreensiva Gerda não lhe
fica de forma alguma atrás.
Hooper constrói um filme tocante
onde para além do óbvio destaque para os actores, são também de realçar a
música de Alexandre Desplat (que já tinha colaborado com Hooper n’O Discurso do
Rei e trabalhou também em O Estranho Caso de Benjamin Button e Argo), e a
cinematografia do também colaborador Danny Cohen, que nos oferece retratos
visuais que reproduzem o traço do pintor e jogos subtis de luzes, reflexos e
fades para mostrar a lenta transformação interior e exterior da sexualidade de
Einar para se tornar Lili, à medida que se apercebe da sua verdadeira natureza
sexual. Nota para um dos nus frontais masculinos concebidos com melhor bom gosto que alguma vez vi no cinema. Realce ainda para a reconstituição histórica competentíssima.
Em resumo, um filme belíssimo, que trata com doçura e subtileza uma história comovente de amor, amizade, respeito e coragem.
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