Sinopse:
"Plaza Suite" é uma comédia sobre o amor e fala das desventuras de dois casais muito diferentes que enfrentam momentos cruciais nas suas vidas. Duas histórias distintas escritas por Neil Simon, um dos nomes maiores da dramaturgia norte americana. Com um humor sofisticado e deliciosamente engraçado, este texto foi um grande sucesso teatral e ainda deu origem a um filme.
Com quatro personagens interpretados por dois actores, na primeira história uma mulher tenta reconquistar o afecto do seu marido, encenando um encontro romântico na mesma suite onde passaram a lua de mel há 24 anos. Mas mais do que qualquer festejo, o fim do casamento parece estar à vista. Será que ainda vão a tempo de o salvar?
Na segunda história os pais de uma jovem noiva tentam convencê-la a sair da casa de banho, onde se trancou poucos minutos antes de começar a sua festa de casamento. De que terá ela medo? Do amor ou daquilo em que uma relação, com o passar dos anos, se pode transformar? Um hilariante ataque de nervos com um final surpreendente!
Pela primeira vez em Portugal, "Plaza Suite" marca o regresso de Alexandra Lencastre ao teatro, no ano em que celebra 50 anos de vida e 30 de carreira, ao lado de outro grande actor, com quem já contracenou, Diogo Infante.
Imperdível, portanto!
Opinião:
"E se estas paredes falassem?". É isto que muitas pessoas pensam quando entram num quarto de hotel, um local supostamente intimo mas nunca exclusivo. Muitos passam pelo mesmo quarto, e todos têm as suas próprias histórias, problemas, questões e vidas. E se muitas paredes pudessem falar teríamos alguns episódios como os demonstrados na peça Plaza Suite, em cena no Teatro Tivoli BBVA, com Alexandra Lencastre e Diogo Infante. No entanto, este quarto de hotel é apenas um veículo que serve apenas para nos apresentar 2 casais que em diferentes fases das suas vidas vivem casamentos vitimas da passagem do tempo e em possível destruição iminente.
Na primeira parte somos apresentados a um casal de meia-idade, casados à 23 anos (Ou será 24!? Nem eles têm certeza) e com o seu aniversário à porta decidem reviver a sua lua de mel no mesmo quarto de hotel. Porém, 23 anos depois, as coisas não estão iguais, ele trabalha muito e não consegue articular com sucesso a vida profissional com a vida familiar. Ela encontra-se carente acompanhando cegamente um marido que não a acompanha e que pensa mais no trabalho do que viver uma vida com a mulher que ama. Porém aquilo que era para ser uma noite perfeita de ligação matrimonial, rapidamente torna-se numa noite desfeita, que pode por em risco real a "felicidade" do casamento, passando pelas discussões pequenas e sem sentido que muitos casais têm, passando também pela insegurança e ciúme e culminando na pior revelação que um casal pode ter, somos apresentados ao desgaste emocional que uma vida a dois pode trazer.
Na segunda parte ainda me demorou um pouco a perceber que já não víamos do mesmo casal, estávamos na presença de um novo casal que também tem a sua história para contar no quarto 719. E é assim que somos transportados para os preparativos de um casamento, o da filha que não quer sair da casa de banho, com medo de enfrentar a sua nova vida tendo os seus próprios pais como referência, tem medo de estar a fazer as escolhas erradas. E são nas tentativas de a tentar convencer a sair do WC que passamos a conhecer os seus pais e nos apercebemos mais uma vez de um episódio de amor desgastado, que poderá ter começado com a maior das forças, mas acabou por acusar a passagem do tempo. Fugindo do cânone e eludindo as histórias de amor puro e romântico que muitos outros tendem a mostrar como mágico.
Apesar de ter havido uma súbita mudança de tom no momentos de comédia, (sendo que na primeira parte o humor era mais intelectual e na segunda era um humor mais físico) estes conseguiram captar a atenção do público e tirar alguma da tensão das situações vividas em palco. Não se pode acabar esta opinião sem falar nos cabeça de cartaz, tanto Diogo Infante como Alexandra Lencastre ainda se encontram muito sólidos tanto num registo dramático como num registo mais cómico, dando um tom muito verosímil a todas as situações e fazendo com que o público consiga criar empatia e/ou identificar-se com toda a parafernália de emoções expostas.
Uma peça muito agradável, numa sala também muito agradável, mas com uma visão muito redutora e destrutiva do desgaste emocional que a passagem do tempo trás, porém esta temática pesada está muito bem esbatida pelos momentos de comédia e pelas grandes performances dos actores.
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