Sinopse:
Quando um marido dedicado e pai, é
deixado sozinho em casa durante um fim-de-semana de trabalho, duas jovens
ociosas batem inesperadamente na sua porta para pedir ajuda.
O que começa como um gesto de solidariedade
resulta numa sedução perigosa e num jogo mortal de gato e rato.
Opinião por: Artur Neves
Este filme apresenta-se como
uma parábola de justiça moral, começando por nos apresentar uma família de
classe média; pai arquitecto, mãe artista plástica e dois filhos em idade
escolar, que junto com a mãe vão desfrutar de um fim-de-semana prolongado junto
à praia, enquanto o pai fica em casa devido a obrigações profissionais
inadiáveis.
É neste ambiente que se
desenrolará a acção, que tem início quando duas jovens lhe batem à porta,
interrompendo o seu trabalho, que não mais voltará a retomar, decorrente da
espiral de acontecimentos que o filme nos dá a conhecer, num crescendo de
violência, inicialmente camuflada e que se vai sucessivamente descobrindo,
praticado pelas duas raparigas, inicialmente com ar cândido, que vai
endurecendo, de acordo com as malfeitorias praticadas.
No desenrolar do argumento
pode apreciar-se um crescendo de tensão razoavelmente bem conseguido, embora nalgumas
vezes através de cenas pouco convincentes que me fez perguntar de mim para mim
como é que o agredido não tinha previsto aquilo e se deixava enredar cada vez
mais naquele novelo de armadilhas que posteriormente justificam a punição
física pelos “pecados” cometidos, provocados pelas duas pretensas justiceiras.
Este filme segue
aproximadamente o guião do filme de Michael Haneke; “Funny Games” de 1997 (Brincadeiras Perigosas em Portugal) em que
dois rapazes desempenhavam um papel semelhante ao praticado por estas duas
raparigas, todavia neste filme de Haneke, o “mal” é real, sente-se a sua
espessura, a sua intensidade crescente e sem vacilação, pois o seu objectivo é
precisamente esse; a prática do “mal” pelo “mal” em si mesmo para puro gáudio
dos seus percursores.
Neste porém, o argumento
tenta imprimir uma “justificação” nos actos praticados pelas duas algozes femininas,
como se essa componente “moral” acrescentasse algo de valor para a trama, para
os actos praticados ou para o interesse do espectador, que até se mantêm
durante todo o visionamento, embora com possibilidade de formular algumas
interrogações, como referi anteriormente.
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