24 de novembro de 2015

Opinião – “Perigosas Tentações” de Eli Roth


Sinopse:
Quando um marido dedicado e pai, é deixado sozinho em casa durante um fim-de-semana de trabalho, duas jovens ociosas batem inesperadamente na sua porta para pedir ajuda. 
O que começa como um gesto de solidariedade resulta numa sedução perigosa e num jogo mortal de gato e rato.

Opinião por: Artur Neves
Este filme apresenta-se como uma parábola de justiça moral, começando por nos apresentar uma família de classe média; pai arquitecto, mãe artista plástica e dois filhos em idade escolar, que junto com a mãe vão desfrutar de um fim-de-semana prolongado junto à praia, enquanto o pai fica em casa devido a obrigações profissionais inadiáveis.
É neste ambiente que se desenrolará a acção, que tem início quando duas jovens lhe batem à porta, interrompendo o seu trabalho, que não mais voltará a retomar, decorrente da espiral de acontecimentos que o filme nos dá a conhecer, num crescendo de violência, inicialmente camuflada e que se vai sucessivamente descobrindo, praticado pelas duas raparigas, inicialmente com ar cândido, que vai endurecendo, de acordo com as malfeitorias praticadas.
No desenrolar do argumento pode apreciar-se um crescendo de tensão razoavelmente bem conseguido, embora nalgumas vezes através de cenas pouco convincentes que me fez perguntar de mim para mim como é que o agredido não tinha previsto aquilo e se deixava enredar cada vez mais naquele novelo de armadilhas que posteriormente justificam a punição física pelos “pecados” cometidos, provocados pelas duas pretensas justiceiras.
Este filme segue aproximadamente o guião do filme de Michael Haneke; “Funny Games” de 1997 (Brincadeiras Perigosas em Portugal) em que dois rapazes desempenhavam um papel semelhante ao praticado por estas duas raparigas, todavia neste filme de Haneke, o “mal” é real, sente-se a sua espessura, a sua intensidade crescente e sem vacilação, pois o seu objectivo é precisamente esse; a prática do “mal” pelo “mal” em si mesmo para puro gáudio dos seus percursores.
Neste porém, o argumento tenta imprimir uma “justificação” nos actos praticados pelas duas algozes femininas, como se essa componente “moral” acrescentasse algo de valor para a trama, para os actos praticados ou para o interesse do espectador, que até se mantêm durante todo o visionamento, embora com possibilidade de formular algumas interrogações, como referi anteriormente.

Sem comentários: