26 de novembro de 2015

Opinião - Lenine - Misty Fest 2015 - 07/Novembro/2015


Sinopse:
Em 2013, Lenine celebrou três décadas de carreira, marca séria na vida de qualquer cantautor. E são três décadas plenas, carregadas de conquistas. O artista brasileiro esteve o ano passado em Lisboa para uma importante apresentação no Rock In Rio, tendo dividido o palco com Rui Veloso e Angelique Kidjo. Foi, aliás, um ano intenso para Lenine que realizou o que designou como uma Turné Socioambiental, tocando e, sedes de importantes projectos sociais em todo o Brasil, e viajou para fora de portas levando o espectáculo The Bridge, com a orquestra holandesa de Martin Fondse, até aos Estados Unidos ou Alemanha, entre vários outros países. E agora, Lenine foca-se no futuro e no álbum Carbono, recheado de novas canções, que está a acabar de ser preparado.
Com dez álbuns em nome próprio, Lenine é sem dúvida um nome de referência, estatuto confirmado com a conquista de cinco prémios Grammy Latino e nove Prêmios da Música Brasileira. As suas canções foram gravadas por nomes como Elba Ramalho, Maria Bethânia, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Maria Rita, O Rappa, Zélia Duncan, entre muitos outros. Produziu também trabalhos de Maria Rita, Chico César, Pedro Luís e a Parede e do cantor e compositor cabo-verdiano Tcheka, além de bandas sonoras para novelas, series de televisão, filmes, espetáculos de dança e teatro. É sem dúvida um nome grande, da primeira linha da melhor música do Brasil. E quem já o ouviu cantar êxitos como “Paciência” (parceria com Dudu Falcão), “Jack Soul Brasileiro” ou “Hoje eu quero sair só” não lhe nega os aplausos que de facto merece.

Opinião:
Muitas eram as pessoas que já desde a confirmação de Lenine no Misty Fest 2015 o aguardavam impacientemente e marcaram todos dias do calendário até dia 7 de Novembro. Um artista com um portfólio invejável, com uma carreira de 30 anos e mais de 10 albuns. 

Este foi um concerto muito mais inclinado para as músicas do seu mais recente albúm Carbono. O cantor apresentou-se com um cenário muito minimalista, apenas um microfone e as suas guitarras, e foi com os primeiros acordes que se deu inicio a uma noite cheia de fortes emoções, letras profundas, nostalgia e a uma enorme demonstração de talento por parte de Lenine.

Iniciando com algumas luzes ainda acesas, ajudando à intimidade do espetáculo e ao clima de carinho que se manteve durante a noite, rapidamente fomos transportados para um mundo de ritmos com muita influência brasileira que nos levaram numa autêntica viagem para climas mais quentes. 

As letras de Lenine são de uma simplicidade profunda, concisas e arrebatadoras, e é por isto que prefere cantar em paises latinos. Ele diz que se perde muito na falta de compreensão das letras, perdendo assim alguma ligação do público com as suas músicas. Segundo Lenine: "É um prazer poder falar e ser compreendido".

Todas as músicas ganharam uma nova dimensão quando nos começaram a ser apresentadas como filhos do artista, uns mais novos, outros com idade para serem pais. Assim fomos apresentados a todos estes filhos de idades variadas, mas todos com muito para contar sobre a vida e preserverança. Sermos apresentados aos seus filhos daquela forma, foi apenas uma mera formalidade. O público já sabia todas as letras e fazia questão de acompanhar o artista, quer fosse com palmas, quer fosse respondendo e complementando as letras. E todos os finais de músicas foram tidos como finais de concerto, aplaudidos com tanto carinho que era impossível não ficar contagiado. Foram nestes momentos que Lenine demonstrou que estava ali simplesmente para o público, não tendo medo de parar músicas a meio para garantir que tudo estava perfeito, ou até mesmo para combinar com a plateia o melhor arranjo para a música. Profissionalismo puro!

Toda a gente na plateia mostrou o seu apreço por todos estes detalhes e por todas as emoções que as suas músicas despertaram durante todos estes anos de criatividade e talento. Este talento foi bastante visível durante todo o espetáculo, pois estavamos a ser presenteados com algo que, segundo o artista, "são as músicas enquanto nuas, despidas de arranjos, puras e sem compromisso". Uma noite incomparável, carregada de sentimento e ritmo, que certamente vai andar a vaguear as memórias de todos durante muito tempo e que deu muita vontade de ter tempo para conhecer todo este vasto repertório que Lenine criou, e que certamente ainda irá criar.

Sem comentários: