Foi no passado dia 7 de Março,
que Rui Sinel de Cordes levou mais uma vez ao palco do Villaret o seu
espetáculo de Stand-Up Comedy: Isto era para ser com o Sassetti. Com a sala
cheia, este foi um espetáculo de humor negro, que começou a disparar ainda
antes de começar (basta olhar para o título), não é um espetáculo para os mais
facilmente ofendidos, e ninguém está
salvo dos comentários, nem o público, nem a produção, nem mesmo o próprio Rui.
Nenhum tema é tabu e todos são um
alvo válido, desde a clássica estupidez humana, passando por temas mais pesados
carregados de violência e muito gráficos. No ínicio do espetáculo, Rui
demonstra a sua vontade de realmente contar com a presença de Bernardo Sassetti
como complemento musical, mas devido a essa impossibilidade fisica, somos
presenteados ao estranhamente hilariante Paulo Almeida e, consequentemente, à
sua mais recente vitima de sequestro, que sai aos berros de dentro da sua mala
de viagem.
Para fazer humor negro por vezes temos de contar com uma pequena ajuda, assim Rui faz um pequeno
apanhado das mais estranhas peças informativas de jornais nacionais, salientando as mais
bizarras situações e também muitas pessoas que facilmente poderiam estar
nomeadas para um Darwin Award. São
nestes momentos que podemos confirmar as melhores armas do comediante, o sua
visão critica e o seu delivery impecável.
As interações entre Rui e Paulo
são recorrentes, e sinceramente, são dos melhores momentos da noite, pois estes
são claramente fora de qualquer tipo de guião, sendo extremamente genuínas e
(para agrado do público) completamente sem filtro. Aliás, Paulo Almeida é o
complemento perfeito para este espetáculo, com o seu estilo tresloucado e
deslocado da realidade, mostra um sentido de timing impecável, servindo para
reforçar a punch line e sendo por vezes uma bitola moral para Rui, que usa esse
factor como um factor de choque extra.
Desde "pedidos de desculpa", a
piadas que (segundo Rui) podiam ter sido mais ofensivas, estas são noites onde
se pode realmente dizer que o nível desce, mas a comédia sobe. Durante uma hora
e meia Rui Sinel de Cordes faz-nos rir das coisas que não deveriamos, criando
histórias e enredos hilariantes, eliminando moralidades e personalidades com um
sentido de choque e humor incríveis. Estes são alguns dos factores que (na
minha opinião) colocam Rui no patamar mais alto da comédia nacional, embora o
seu estilo não seja para todos os públicos.
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