16 de março de 2015

Filme "Hector e a procura da Felicidade" - Crítica


Hector é um psiquiatra que leva uma existência monótona e repetitiva com Clara, a sua namorada. Alterna os seus dias entre o seu consultório particular e uma clínica psiquiátrica, tendo como hobby o aeromodelismo. Sente-se progressivamente deprimido até que chega à conclusão de que essa mesma depressão está a prejudicar o seu trabalho, questionando-se como é que pode ajudar os outros a encontrar a felicidade, se ele próprio não consegue perceber o que é? Para responder a esta questão, ele decide fazer uma pesquisa, viajando por vários países, a começar pela China.



“Era uma vez um jovem psiquiatra que se chamava Hector e não era feliz”. Começa assim o livro do escritor e psiquiatra francês François Lelord que serviu de base ao filme “Hector e a procura da felicidade”, uma produção Inglesa do realizador Peter Chelsom, protagonizada por Simon Pegg (Shaun of the Dead e Hot Fuzz) e por Rosamund Pike (Die another day, Jack Reacher).
O nome do filme transporta-nos facilmente para o “Em busca da felicidade”, filme de 2006 protagonizado por Will Smith e o seu filho Jaden Smith, no qual Will Smith encarna um homem caído em desgraça que luta para melhorar as suas condições de vida – no entanto, se a mensagem do filme de Will Smith é simples e objectiva, já o mesmo não se passa com “Hector e a procura da felicidade”. Durante a primeira parte do filme somos apresentados à vida rotineira de Hector, psiquiatra que vive com Clara uma existência sem sentido. Ele comunica-lhe, então, que irá fazer uma viagem, sozinho, à procura do real significado da felicidade. Passa então por um conjunto de situações inverosímeis, recheadas de clichés e personagens estereotipadas, algumas delas com desnecessárias conotações racistas.



Todo este ambiente pode ser familiar a quem leu o livro, escrito como um compêndio de psicologia onde uma cobaia, Hector, é submetida a uma sucessão de experiências que visam exemplificar diferentes estados de espírito (como a depressão, a atracção, o stress, o êxtase, entre outros) - no entanto, se o livro ainda teve algum sucesso num número restrito de países europeus, resulta num espectáculo enfadonho no cinema. Nem mesmo o talento de Simon Pegg é suficiente para salvar o interesse pelo filme. A partir da primeira meia hora bastante prometedora, com uma abertura interessante e alguns momentos de boa qualidade, o filme começa a arrastar-se penosamente, ao longo de quase 2 horas de duração, evidenciando uma realização pouco segura e um argumento incoerente – atente-se a falta de referenciais geográficos: nunca sabemos em que cidade Chinesa ele está, nem, numa viagem posterior, em que parte de África. No entanto, em qualquer parte do mundo em que ele está, todos falam um inglês perfeito e têm Skype.
Por fim, até mesmo as descobertas que Hector faz sobre a felicidade – chegando mesmo a pôr a vida em risco para o fazer -, não passam de lugares-comuns que ele descobriria, da mesma forma e sem sair de casa, nas imagens com mensagens motivacionais de um qualquer grupo do Facebook.


Ficha Técnica:
Dirigido por Peter Chelsom
Com por Simon Pegg, Toni Collette,Rosamund Pike, Stellan Skarsgård, Jean Reno, Christopher Plummer 
Baseado em Hector e a procura da felicidade por François Lelord

Por Jorge Santos

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