19 de outubro de 2014

Opinião - A Rainha dos Sipaios

Título: A Rainha dos Sipaios
Autor: Catherine Clément
Editora: Porto Editora

Sinopse:
Ela era a rainha de Jhansi, um reino livre do centro da Índia. Uma jovem viúva de trinta anos, impetuosa e altiva. Morreu na guerra, vestida de homem, as rédeas do cavalo entre os dentes, uma espada em cada mão e um colar de pérolas ao pescoço.
Este movimento de libertação nacional, conhecido por «revolta dos sipaios», dilacerou o ventre da Índia em meados do século XIX, quando os soldados indígenas de pele escura, conhecidos como «sipaios», se sublevaram contra os amos brancos, ou os «John Company», em referência à Companhia das Índias Orientais.
Muitas humilhações, muitos rajás destronados, muitas explorações… Certo dia, tudo explodiu. Nasceu a insurreição. A guerra de independência indiana durou dois anos, dois terríveis anos de vitórias e massacres, largamente comentados a partir de Londres por dois correspondentes de imprensa, Karl Marx e Friedrich Engels.
Quando a guerreira morreu, a Índia deixou de ser livre. Mas, ainda hoje, as crianças indianas aprendem na escola a canção que celebra a sua glória. Um destino fulgurante, cantado por todo um povo e contado com energia por Catherine Clément, que aqui reencontra a Índia que tão bem conhece.

Opinião por Liliana Pinto:
Catherine Clément é uma estreia. E uma estreia muito boa.

Quando me ofereci para ler este livro a partir do Clube de Leitores fiquei com um pouco de receio de não gostar do livro. Não sei bem porquê mas achei que fosse um livro com uma escrita um pouco lenta e pouco atractiva.... Mas fui conquistada logo nas primeiras páginas. 

Como todo o mundo sabe na Índia é costume as raparigas casarem-se super cedo (até se ouviu falar de um caso de uma menina que morreu depois da noite de núpcias), entre os 12 e os 15 anos. Ainda umas crianças. Mas Chabili não era uma menina qualquer. Perdeu a mãe com 2 anos e a sua única influência durante a infância foi o pai e os seus dois melhores amigos (filhos adoptivos do Marajá). Por essa razão tornou-se arrapazada e aprendeu a lutar com espadas e a andar a cavalo. Um escândalo. Quando fez 14 anos recebeu uma proposta para se casar com o "Rei" de Jhansi, Gangadar. E é aqui que a sua luta realmente começa. 

Este é um livro que me tocou profundamente. Mostra o lado "mau" dos ingleses que, na sua sede de poder, se apropriaram de terras e bens sem olhar a meios e que quando estalou a guerra civil matou inocentes a torto e a direito sem nenhuma ponta de arrependimento. É óbvio que os indianos também o fizeram. E foram os primeiros. Não há maneira de desculpar a morte de mulheres e crianças que estavam no lugar errado na hora errada. Chabili pensava como eu e tentou, por todos os meios, manter a sua cidade fora desta guerra. Mas sem sucesso.
Foi culpada pela morte destes inocentes e teve de defender um cerco com as poucas tropas que dispunha. Não o conseguiu e acabou por morrer de forma heróica mas injusta. 

Manikarnika, Manu, Chabili, Lakshmi Bai - podem escolher o nome que quiserem) era uma mulher que não era fisicamente bela. Tez demasiado escura para os padrões da moda, olhos muito escuros, lábios bonitos mas esquecidos devido a sua mais notável característica: o nariz. Um nariz grande que dobrava na ponta. A sua beleza estava escondida no interior. Mulher de garra, corajosa e destemida. Lutou até ao último momento para não colocar a sua cidade em perigo. Foi "vendida" aos 14 anos e casou com um homem que gostava de se vestir de mulher e que não conseguia praticar a relação sexual. Esta é Chabili, a Adorada. Esta é Lakshmi, a Deusa da Prosperidade.

Este é um livro que aconselho vivamente a todas as pessoas. É tocante e a leitura é super rápida.

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