Título: Cinzas do passado
Autor: Martin Suter
Editora: Porto Editora
Sinopse:
A história comovente de um homem arrastado para o passado por uma doença que o despoja do presente.
Aos sessenta e cinco anos, Konrad Lang ainda vive às custas da abastada família Koch. Durante anos, foi um parasita tolerável, inicialmente enquanto companheiro de brincadeiras de Thomas Koch, o herdeiro da fortuna da família, mais tarde enquanto zelador da mansão de férias em Corfu, embora sempre sujeito aos caprichos da família. Certa noite, porém, Konrad pega acidentalmente fogo à mansão, reduzindo-a a cinzas. A princípio, atribui-se a causa desse incidente ao seu alcoolismo, mas os esquecimentos de Konrad sucedem-se.
São os primeiros sintomas de um mal misterioso, que trará consigo consequências perturbadoras. No entanto, à medida que a memória recente de Konrad se vai esvaindo, as recordações que muitos esperavam estar soterradas vão ressurgindo pouco a pouco... A doença de Alzheimer instala-se, ameaçando pôr a descoberto segredos guardados a sete chaves.
Opinião por Filipa Monteiro:
Sem dúvida alguma mais um livrinho que leva sem qualquer tipo de hesitação as minhas 5 estrelinhas.
Uma história muito bem construída com um dos temas que mais me assusta: Alzheimer.
Konrad Lang, um senhor que leva uma vida algo descontraída, ligado a uma família endinheirada, apaixona-se e quer viver essa nova vida aos 60 anos com tudo a que tem direito mas que a perda da memória lhe retira todos os sonhos. . . Primeiro começa com coisas sem importância, mais tarde, sai de casa para ir ao supermercado, que fica mesmo ao virar da esquina e não encontra o caminho de regresso, um percurso a pé. . .
Começa a ter de fazer desenhos, pequenos "mapas" para andarem sempre com ele na carteira, inclusivé, o nome da nova companheira. . .
A família que está por trás, esconde um passado que para Konrad lhe é desconhecido, no entanto, com Alzheimer, acontece que, as memórias recentes esvaem-se mas as memórias de anos passados, de há muitos anos mesmo, não se esvaem e permanecem com ele. . . Konrad vai viver o presente em paralelo com o passado. . . Para ele, o presente É O PASSADO. . .
As várias descrições do avançar da doença são comoventes, todas as passagens que lemos muito bem representadas, chegamos a querer fazer parte da quipa médica por trás de Konrad para lhe dar um pouco de apoio e carinho.
Este livro também é um livro de esperança, mas também de mágoas passadas e com mais de uma personagem feminina com a força e a coragem de virarem o mundo. Embora, infelizmente, uma delas tenha sofrido no passado e consequentemente, no presente, não seja a melhor mulher entre as mulheres. . .
Um livro que NÃO é um policial, é um livro de mistério psicológico, um livro que, tal como a capa demonstra, não conta as horas. . . as horas não interessam e os dias passam. . .
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