1 de abril de 2014

Opinião - Flores na tempestade

Título: Flores na tempestade
Autor: Laura Kinsale
Editora: O Arco de Diana

Sinopse:
Christian era um dos homens mais brilhantes e sedutores da alta sociedade inglesa. Um libertino que despertava paixões avassaladoras até que um trágico ataque o condena a um mundo de silêncio, sombras e loucura. Christian perde a capacidade de falar e a família coloca -o num sanatório , crente de que perdeu a razão. Maddy, de nascimento modesto e com um a alma simples e generosa , fica presa a este homem que lhe desperta sensações novas . Um homem que oscila entre a raiva e a frustração de estar preso ao silêncio, que a repele, mas que necessita da sua atenção e do seu carinho para o tirar daquele tormento solitário. A amizade que nasce entre os dois transforma-se num amor arrebatador. Fonte de necessidade , de desejo … e de uma paixão redentora. Laura Kinsale, autora best-seller norte-americana, traz-nos um dos romances de amor mais belos e originais de sempre. Uma história apaixonante e inesquecível que se converteu numa das novelas românticas mais elogiadas pela crítica e pelo público em todo o mundo.

Opinião por Rita Domingos:
Numa época lotada de damas e cavalheiros, carruagens puxadas a cavalos, bailes e uma enorme discrepância entre classes sociais (neste último aspecto não difere tanto do nosso actual século XXI), Kinsale transporta os seus leitores numa viagem até à Inglaterra do século XIX. É sempre com o maior gosto que me embrenho na leitura do género de romance histórico, viajando pela alta sociedade londrina e por uma era, para uns de sonho e grande riqueza e, para outros, das maiores dificuldades de sobrevivência.
Uma das principais referências apresentadas neste livro, apesar do meu conhecimento prévio de assim acontecer há uns séculos atrás, foi o encontrar de um personagem (Christian) internado num manicómio por, devido a doença absolutamente distante do foro psiquiátrico, ter deixado de conseguir falar, de se expressar, de compreender o que os outros lhe diziam. Até que ponto esta realidade brutal não terá marcado centenas de pessoas naquela época por, em consequência de AVC e afasia, serem declaradas mentalmente perturbadas, de integrar a sociedade?! Neste contexto, a autora conduz os seus personagens por um caminho de desespero, frustração, força, luta diária pela recuperação e pela procura da prova de que, apesar das limitações impostas pela doença, é possível continuar a manter a vida tal como era levada até ao trágico acontecimento.
Outro aspecto positivo a referir será, na minha opinião, a força dos personagens principais na luta contra as desigualdades sociais existentes entre eles; ele, Christian, um duque do maior prestígio e da maior riqueza, detentor de uma mente assaz inteligente e temerário, rebelde e libertino; ela, Maddy, criada como quarker, seguidora dos bons costumes, temente a Deus e fiel à sua doutrina de simplicidade, seguidora da Verdade e da Luz. Apesar do casal improvável encontrado nesta história, é interessante ver o esforço diário despendido por ambos na recuperação das capacidades comunicativas do duque e no atenuar das suas divergências/ diferenças sociais e de ideais.
Um excelente livro, como uma narrativa fluida capaz de atrair o leitor, de o cativar; com visível pesquisa por parte da autora no sentido de manter os acontecimentos narrados fielmente assentes nos costumes da época e das sociedades e comunidades representadas.

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