27 de março de 2014

Opinião - Uma morte súbita

Título: The Casual Vacancy
Autor: J.K. Rowling
Editora: Presença

Sinopse:
Uma Morte Súbita é o primeiro livro para adultos de J. K. Rowling, a mundialmente famosa «mãe de Harry Potter». Acolhido com enorme expectativa, este surpreendente romance sobre uma pequena comunidade inglesa aparentemente tranquila, Pangford, começa quando Barry Fairbrother, o conselheiro paroquial, morre aos quarenta e poucos anos. A pequena cidade fica em estado de choque e aquele lugar vazio torna-se o catalisador da guerra mais complexa que alguma vez ali se viveu. No final, quem sairá vencedor desta luta travada com tanto ardor, duplicidade e revelações inesperadas? Um livro a não perder.

Opinião por Tiago Ramos:
Não sou fã de J.K. Rowling, logo esta crítica não é feita pela óptica de um fã da saga "Harry Potter" desiludido com esta primeira incursão da autora num estilo diferente. O maior problema que tenho a apontar a este livro é o facto de parecer ser escrito sem uma motivação evidente, um objectivo palpável que o faça por si só valer a pena quando comparado com outros livros por ler na prateleira. Quando começa, somos induzidos a pensar que o livro será um thriller, quase um policial, passado nos subúrbios de Inglaterra, mas ao longo do tempo, começamos por perceber que não e daí chega a dúvida das ambições do mesmo. Poderia descrevê-lo como um retrato social de uma pequena comunidade inglesa depois de determinado evento (visível logo na primeira página), uma forma de perceber como aquelas vidas se alteram, se reorganizam, quando o aparente equilíbrio daquela sociedade se torna, afinal, instável.

Inicialmente, durante quase a primeira metade do livro, torna-se cansativo pois faz referências exaustivas ao evento que ocorre no início, mas pela perspectiva de múltiplas personagens, sem acrescentar nada de novo e oportuno. Essa primeira metade do livro é apenas a introdução das personagens que são exageradamente numerosas, tornando a leitura confusa e as personagens difíceis de distingir (o que para uma história que já não desperta grande interesse, é um problema muito grave). O livro é dividido em várias partes, cada uma delas dividida em capítulos que se focam em certas personagens da cidade: algumas delas valeriam por si só um romance e é pena que a autora não tenha percebido que poderia ter ido por um caminho mais simples e talvez mais interessante. Contudo, o estilo de escrita da autora é realmente muito bom e surpreendentemente, apesar de ser absoluta e quase exaustivamente descritivo, nunca se torna aborrecido ao fazê-lo. Já a parte final assume um tom bem mais dinâmico e rápido, tornando a leitura mais agradável.
 

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