25 de março de 2014

Opinião - Não abras os olhos

Título: Não abras os olhos
Autor: John Verdon
Editora: Porto Editora

Sinopse:

David Gurney sentia-se quase invencível... até que esbarrou com o assassino mais inteligente que alguma vez teve de enfrentar.

Duas semanas é o prazo que Dave Gurney - inspetor de homicídios recém-reformado da Polícia de Nova Iorque e protagonista do primeiro romance de John Verdon, Pensa Num Número - se impõe para resolver um caso intrigante que lhe chega às mãos: uma jovem noiva é decapitada durante o copo-d'água, rodeada por centenas de convidados. Não há testemunhas, arma do crime ou qualquer pista do assassino. Um desafio ao qual é impossível resistir. Mas a que custo?

Todos os indícios apontam para o novo jardineiro, um homem misterioso e conturbado, mas nada se encaixa - nem o motivo, nem a ausência da arma do crime e, acima de tudo, o cruel modus operandi. Deixando de lado o óbvio, Gurney começa a ligar os pontos longe de imaginar que está prestes a travar uma batalha épica com o pior dos inimigos, um sádico implacável, que não hesitará em arrastá-lo para a beira do precipício e, pior... à sua mulher, Madeleine.

Opinião por João Fonseca:

Um crime intenso...
Uma noiva morta decapitada no dia do seu próprio casamento...
Um crime de aparente resolução fácil...
Um vídeo do casamento como prova do crime...
Um grupo de investigadores que não conseguem encontrar o suposto
assassino para fechar o caso...

É assim desta forma directa, intensa e cativante que o autor John Verdon nos dá a conhecer "Não abras os olhos".

O detective Dave Gurney depara-se com um estranho caso de um homicídio de uma noiva em plena festa de casamento. A jovem, Jillian Perry, provém de uma família rica e está prestes a contrair matrimónio com um psicólogo bem sucedido, Scott Ashton.
As atenções viram-se para o jardineiro Hector Flores, que subitamente desaparece e se torna o suspeito número 1 deste homicídio. A mãe de Jillian, a jovem decapitada, pede a Gurney que traga mais respostas que a própria polícia.

O denominador comum é apenas Dave Gurney e a sua esposa Madeleine. E Jack Hardwick, e a sua insistência no retorno à investigação por parte de Gurney.
Não é desta que este se afasta definitivamente das investigações policiais, para mal de Madeleine.
Dave Gurney já estáva reformado, então devia agora apreciar a sua tranquila vida e não se envolver em investigações perigosas que têm impacto na sua relação com Madeleine, mas Gurney terá sempre coração de polícia e não consegue recusar o pedido de ajuda de Hardwick.

Um dos aspectos que vi melhor caracterizado é sem dúvida a relação do casal, embora ela tenha um papel menos activo, com umas agravantes do passado e a forma como este caso poderá denegrir mais ainda o casamento deles.

Quando Dave Gurney começa a ter acesso aos documentos da investigação (textos, transcrições, vídeos) questiona-se sobre se este crime será mesmo assim tão fácil de resolver ou se afinal há algo que não bate certo.
A noiva Jillian não foi a menina típica, nem a adolescente normal e Dave Gurney questiona-se se esta morte terá muito mais escondido por detrás do que aquilo que mostra.

A acção centra-se na análise de pistas, no vasculhar do historial das personagens, no interligar de pequenos factos, ao passo que a narrativa é ritmada e à medida que vamos ficando a saber mais vai havendo um crescendo de emoção e suspense até ao desfecho final.

Bem estruturado, este livro categoriza-se no tipo de tramas onde as pistas dão origem a outras pistas sem que o leitor desconfie de nada. E no fim, a resposta estava lá, aparentemente tão dissimulada que o leitor não reparou na mesma.
O homicídio inicial é simplesmente grotesco, afinal de contas, quem se lembraria de matar uma noiva em plena festa de casamento?

John Verdon mostra a sua mestria como escritor com este "Não abras os olhos" que conquista o leitor pela escrita, pela narrativa, pelas personagens e pelo suspense e mistério.

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