Título: A Rainha Corvo
Autor: Jules Watson
Editora: Bertrand
Sinopse:
Maeve nasceu para ser um joguete que o seu pai poderia usar como bem entendesse de forma a manter as suas terras em segurança. Forçada a casar-se, os seus desejos nunca foram respeitados. Mas o espírito livre de Maeve não irá suportar muito mais as maquinações do seu novo marido, Conor, o astucioso rei de Ulster. Quando a morte do seu pai deixa a sua terra natal à mercê de senhores gananciosos e das forças de Conor, Maeve apercebe-se de que precisa de usar o seu próprio poder de modo a travá-los.
Com perícia e inteligência, Maeve prova que é igual a qualquer outro guerreiro no campo de batalha e, para combater a perigosa magia dos mais antigos deuses, procura ajuda junto a Ruán, um druida errante, cuja paixão inesperada e estranha ligação ao mundo dos espíritos revelam a Maeve a verdade sobre si mesma, colocando-a em guerra com o seu dever e o seu destino.
Opinião por Sandra Nunes:
A história de Maeve – A Rainha Corvo, teve a sua génese nos antigos mitos irlandeses em comunhão com a imaginação fértil de Jules Watson. Uma combinação, a meu ver, de sucesso. Watson traz-nos um enredo complexo, cativante e bem estruturado, sendo notório o trabalho de investigação que o precedeu.
Retrata a história de Maeve, mulher, amante, guerreira, rainha, Deusa. Já nas primeiras páginas somos apresentados a uma mulher que luta para fugir ao domínio de um marido opressivo e de um pai dominador, que forja alianças utilizando a filha como se de uma mercadoria se tratasse. E à medida que o livro vai avançando vamos testemunhando a luta de Maeve para proteger o seu povo e, essencialmente tornar-se numa mulher livre, com poder de escolha. Em suma, uma personagem com muitas facetas, mas com ponto sempre presente, a sua humanidade. Página após página transparece o seu melhor e o pior, as suas maiores forças e fraquezas, são nítidas as suas batalhas interiores, as suas dúvidas, o que a tornam mais acessível e real.
Mas não só de Maeve se fez esta história. Para credibiliza-la, Watson cercou-a de um conjunto de personagens secundárias muito fortes, buscando a sua inspiração em antigas lentas irlandesas. Rúan, Finn, Fraech, Cúchulainn, Ferdia, Levarcham, não só influenciam o desfecho da história como também enriquecem-na, ao conferirem-lhe caracter e humanidade.
Um dos pontos fortes do livro são sem dúvida as referências místicas. Os antigos deuses celtas, os sídle, os rituais druídicos, fascinam o leitor e como um íman atraem-no para as suas páginas.
Adorei viajar pelos pântanos, vales e colinas da verdejante Erin. A autora revelou apetência na descrição de cenários e acontecimentos, que não sendo exaustiva, dá uma visão clara, intensa e pormenorizada, sendo muito hábil na atenção aos detalhes. Esta habilidade é principalmente notada nas descrições de batalhas sangrentas e simultaneamente espirituais.
Não foi um livro que me motivasse uma leitura compulsiva mas via-me a procura-lo todos os dias para mais umas páginas. Fui descobrindo-o aos poucos o que aos meus olhos tornou-o ainda melhor.
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