18 de junho de 2012

Opinião - Livro

Título: Livro  
Autor: José Luís Peixoto  
Editora: Quetzal  

Sinopse: 
Um rapazinho é deixado pela mãe num fontanário, de madrugada. Antes de partir, ela entrega-lhe um livro e promete que voltará dentro de algumas horas. Mas abandona-o e vai para França, trilhando os caminhos da emigração. Acolhido por uma família da aldeia, e sem nunca mais saber da mãe, o rapaz vai crescer enamorado por uma rapariga da terra que o corresponde nos sentimentos. Chegados à idade adulta, decidem ambos emigrar para França, mas partem separados. O livro — único objecto de valor que o rapaz possuiu em toda a sua vida — servirá para os manter ligados e é através dele que se vão reencontrar.  

Opinião por Maria João Diogo: 
Bom, este Livro dá que pensar... Temos a escrita tão própria de José Luís Peixoto, uma leitura que apesar de não ser fácil e requerer concentração, tem muito de belo e poético. 
Este Livro está dividido em duas partes, um primeira que retrata o Portugal Interior dos anos 40/50 e a emigração - uma realidade que ouvimos aos nossos pais e avós e uma segunda parte que muda completamente de tom. Ilídio, rapaz de 6 anos é deixado pela sua mãe junto à fonte nova para ser recolhido por Josué (porque este amava a mãe de Ilídio?). Obrigou-a a tal acto a vergonha, pois o pai biológico de Ilídio era o padre da aldeia. De seguida ela desaparece... 
Ilídio cresce junto de Josué e torna-se um homem. Um homem que se apaixona por Adelaide, uma rapariga que vai viver com a sua tia pois os pais não têm possibilidades económicas de sustentar os seus muitos filhos. 
Adelaide corresponde a este amor e junto com o pedido de namoro, Ilídio oferece-lhe um pombo, cem escudos e um livro (o LIVRO). Os planos de casamento dos dois jovens são arruinados quando a tia ciumenta envia a sua sobrinha para França, para a afastar de Ilídio. 
Começa nesse momento a aventura de emigração para Adelaide. Ilídio segue-a, acompanhado pelo amigo Cosme, deixando tudo para trás. Depois de uma viagem muito atribulada e de muitas contrariedades, ambos acabam por conseguir instalar-se a adaptar-se a um novo país e uma nova vida, mas sempre separados, pois nunca quis o destino que se encontrassem. E a ajudar o destino esteve a tia Lubélia que escondeu as cartas que ambos enviaram para casa, único recurso que permitiria o seu reencontro. Os anos passam e Adelaide resigna-se. Conhece Constantino na biblioteca onde trabalha e acabam por casar-se. O que parecia um casamento calmo e equilibrado, torna-se num regime tirano, pois Constantino passa a controlar todos os movimentos de Adelaide e tem ciúmes de tudo e de todos. Muitos anos depois Adelaide consegue finalmente permissão do seu marido para passar umas férias em Portugal, num Verão em que Ilídio também se encontrava na aldeia junto de Josué. 
O amor fala mais alto e com um encontro fugaz entre eles termina a primeira parte do livro... E com Livro percorremos a segunda parte, mais filosófica e dada a devaneios, surpreendendo o leitor inúmeras vezes. 
Confesso que houve partes que me empolgaram muito, outras que nem tanto... 
É um livro que merece ser lido, com calma e com espírito. Ganha, sem dúvida, pelas partes originais (quem o ler, saberá do que falo!). 

 Classificação: 7/10

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