12 de julho de 2011

Opinião - Por favor, pai, não...

Título: Por favor, pai, não...
Autor: Stuart Howarth
Editora: Caleidoscópio

Sinopse:
A história de Stuart, autobiográfica, é a narração de uma infância arrepiante e de uma vida adulta conturbada em busca dessa infância roubada.
Stuart era uma criança como todas as outras que apenas procurava o amor dos pais. Mas, sob uma realidade de pobreza extrema, encontrou maus-tratos, abusos sexuais e a traição das pessoas que o deveriam proteger. A adolescência e a vida adulta não trouxeram consigo a normalidade que tanto precisava, simplesmente outros problemas como as drogas, as relações fracassadas e a prisão.
Um relato cru e sincero, escrito pela própria mão, de uma realidade que só hoje começamos a descobrir e que não deixará ninguém indiferente. Este livro representa o fim de uma vida de sofrimento e o começo de um processo de cura e de ajuda a tantos outros que, como Stuart, sofreram em silêncio.

Opinião por Maria José Rosado:
Este livro deixou-me impressionada e chocada com a sua linguagem crua e com os factos nele relatados.
Aborda a história verídica de um hme que desde criança foi abusado física e sexualmente pelo seu padrasto, que curiosamente pensava que era o seu verdadeiro pai.
Assusta-me pensar que ainda hoje hajam situações desta pelo mundo fora.
Segundo o autor nos relata, o padrasto infligia-lhe maus tratos físicos, fazendo-o acreditar que ele era um menino muito mau, estigma que sempre o acompanhou durante a sua infãncia e adolescência. Quando começou a ser abusado sexualmente, embora sofresse e não gostasse do que lhe estava a acontecer, sempre achou que era um castigo por ser mal-comportado.
Não bastando já a gravidade de ser abusado, as suas duas irmãs (uma delas doente que toda a vida viveu em cadeiras de rodas) sofriam tratamento semelhante, sendo por vezes obrigadas a assistir aos abusos umas das outras.
É triste pensar que ainda nos dias de hoje hajam casos destes, e que as pessoas que vivem em redor destas vítimas, embora por vezes se apercebam do que se passa, preferem ignorar e fingir que não compreendem, pois não se querem envolver em assuntos familiares.
Mas por ventura será esta a designação de família???
O autor, durante a fase adulta, acabou por atingir o padrasto com o marreta, ferindo-o mortalmente, o que lhe valeu julgamento e pena de prisão.
O livro foi escrito enquanto esteve detido, como forma de exorcizar os fantasmas do passado... se é que alguma vez alguém consegue exorcizar fantasmas deste tipo.
Gostei de ler esta obra, embora crua, dura e chocante, faz-nos abrir os olhos e olhar bem á nossa volta... quem sabe se bem perto de nós nãotemos casos semelhantes que poderemos denunciar?
Um facto a salientar: sempre educamos os nossos filhos para não falarem com estranhos e não aceitarem nada de pessoas que não conhecem. Há que pensar que a maioria dos casos de abuso sexual a crianças partem de pessoas da própria família, ou que frequentam a casa das vítimas com enorme á vontade e com assiduidade.
Pensemos nisso...

Sem comentários: