19 de maio de 2011

Opinião - Teia de Cinzas

Título: Teia de Cinzas
Autor: Camilla Lackberg
Editora: Dom Quixote

Sinopse:

Outono em Fjällbacka. Um pescador que acabou de recolher os ovos de lagosta que lançara ao mar está em estado de choque. No deck do barco jaz agora à sua frente o corpo inerte de uma menina. Enquanto Erica Falk desespera no seu papel de mãe, Patrick Hedstrom é mais uma vez chamado a desvendar o mistério daquela morte que vai afectar de forma devastadora a vida de muita gente que lhe é próxima. E enquanto a investigação vai decorrendo, os mistérios continuam: que pasta negra era aquela que a menina tinha no estômago quando foi autopsiada? Quem atirou cinza para um bebé que ficara por um momento num carrinho à porta da loja onde a mãe tinha ido fazer compras? Que cinzas eram aquelas que atiraram à bebé do próprio Patrick Hedstrom? Perguntas a que só a investigação da competente equipa liderada por Patrick Hedstrom poderá responder.

Opinião por Vera Brandão:
Teia de Cinzas é o terceiro livro publicado em Portugal, da autoria de Camilla Lackberg. Os outros dois livros chamam-se Princesa de Gelo e Gritos do Passado.
Na minha opinião, dos três títulos adoptados, este livro é aquele cujo nome melhor se adequa à narrativa.

Em relação à autora, ela cativa-me bastante! Estive a contar os dias até que saísse este livro para o poder ler, no entanto só agora à dias é que tive a oportunidade de o adquirir e apreciar a sua leitura.

Desde a primeira página que o livro prende e até ao final a sua leitura é compulsiva (li este livro em apenas 4 dias!)

É descoberto uma cadáver de uma menina de 7 anos, ao que tudo indica, afogada, e desde cedo se impõe as dúvidas: Quem será a menina? A sua morte terá sido um acidente? Porque foram encontradas cinzas nos seus pulmões e no seu estômago? Porque é que as mesmas cinzas voltam a aparecer, primeiro, num bebé deixado por instantes à porta duma loja e, depois, na bebé do próprio Patrik?

A investigação do crime por parte de Patrik Hellstrom e a sua equipa, ocorre em circunstâncias muito especiais para o companheiro de Erica, uma vez que Maja já nasceu e os recém pais ainda estão na fase de adaptação. À semelhança dos outros livros da autora, a vida pessoal das personagens é fortemente explorada, o que leva o leitor a identificar-se com certos aspectos rotineiros de uma vida a dois. Mais do que isso, faz com que o leitor se apaixone por Erica e Patrik (tal como me aconteceu) e quer saber da evolução da relação deles.

Se Erica teve um papel pouco relevante na resolução do caso em Gritos do Passado, a tendência neste livro é a mesma. Erika encontra-se um pouco em baixo de forma, no início do livro, deparando-se com um problema que, sendo algo frequente hoje em dia, ainda há um certo tabu em ser discutido.
As personagens que aparecem no livro pela primeira vez (os pais da menina morta, Charlotte e Niclas, os avós maníacos Lilian e Stig e até os vizinhos estranhos Kaj, Monica e Morgan) constituem uma vez mais, personagens riquíssimas, com a complexidade que Lackberg tão bem sabe atribuir aos intervenientes das suas histórias. Apenas tive pena da pouca intervenção da irmã de Erica, Anna, neste livro, reduzindo-se à mesma situação em que estava no livro anterior.

Quem já leu "A Princesa de Gelo" e "Gritos do Passado", sabe que a escrita de Lackberg se caracteriza pela fluidez e a capacidade de deixar várias pontas soltas (que apenas serão conectadas no final do livro, de forma a surpreender até o leitor mais habituado às reviravoltas deste género literário).
No entanto a autora fez uma inovação que resultou muitíssimo bem: encurtou os capítulos, sendo que a introdução de cada um deles relata acontecimentos datados de 1920´s até 1962. Na minha opinião, estas introduções que contam a história de vida de Agnes, uma mulher fria e calculista, estão soberbas porque é mesmo muito difícil associar os eventos passados com a actualidade.

De certa forma esta leitura também se caracterizou por didáctica nomeadamente através da abordagem sobre o Síndrome de Asperger.

Uma vez mais eu não adivinharia aquele desfecho! Tanto a identidade do assassino como o móbil. Mas a autora consegue explicar de uma forma convincente tudo o que foi relatado e que resultou na perfeição. No entanto acho que a última página deixa o engodo de ler o próximo livro da autora já que se deixa muito pano para mangas.

Altamente recomendável para todos os fãs de policiais e emoções fortes! Um livro imperdível!

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