Autor: Eça de Queirós
Editora: Porto Editora
Sinopse:
Na versão definitiva desta obra (1880), conjugam-se três factores já previamente salientes na carreira de Eça mas cuja importância relativa e cujo significado se irão modificando: um dado propósito de crítica social contemporânea; uma dada percepção de como determinadas personagens, enganando as outras, se enganam afinal a si próprias, fingindo acatar pautas morais de comportamento; e uma certa auréola de sonho que elas exalam. Assim, em qualquer das três versões deste romance se evidencia uma violenta crítica ao clero católico que já tem raízes nos Iluministas ou no romantismo liberal, e aos efeitos da sua burocratização constitucionalista, da sua presença em lares burgueses.
A. J. Saraiva e Óscar Lopes, in História da Literatura Portuguesa, 17.ª ed., Porto Editora (adaptado)
Opinião por Joana Azevedo:
A obra conta-nos o amor vivido entre o Padre Amaro e Amélia, na Leiria do século XIX. Quando sai do seminário, o jovem Padre é colocado numa paróquia de uma serra remota, numa aldeia onde a maioria das pessoas eram pobres pastores. Aí, pela primeira vez, questiona a sua vocação, apercebendo-se de que seguira a vida religiosa apenas por influência de uma marquesa, de que fora protegido e graças aos contactos que ainda tinha na alta sociedade lisboeta, consegue transferir-se para Leiria, uma das paróquias disponíveis com maior população e mais alto nível de vida. Hospeda-se em casa da “Senhora Joaneira”, deslumbrando-se, desde logo, com a beleza da sua filha, Amélia, e gozando todos os confortos que as duas mulheres lhe proporcionam. Ao mesmo tempo, vai crescendo uma forte amizade entre Amaro e Amélia, que rapidamente se transforma num romance tórrido, pontuado por obstáculos que o casal vai tentando ultrapassar.
Ao longo do desenrolar da trama, o autor vai-nos revelando várias facetas da sociedade da época. São particularmente notórios a hipocrisia dos membros da Igreja, que embora preguem em nome de Deus, cometem as maiores imoralidades e crueldades, e o envelhecimento e ignorância da comunidade religiosa, composta, essencialmente, por velhas beatas que, tal como Amélia, não resistem à simpatia e beleza do “senhor pároco”, que aparece aos seus olhos como um anjo.
Na minha opinião, trata-se de uma obra divinal. A crítica social e, sobretudo, religiosa está muito bem conseguida. Muitos dos diálogos entre padres e as suas acções são de tal forma contraditórios ao que apregoam que chegam a ser hilariantes. Encerra um romance empolgante, extraordinário, arrebatado e arrebatador. Conseguiu prender-me desde o início, dando eu por mim a torcer, logo após algumas páginas, pela Amélia e pelo Padre Amaro. “Entrei” mesmo “dentro do livro” e adorei-o.
Este é um dos livros que mais me fascinou. A história de Amélia e do Padre Amaro não me saiu da cabeça durante os poucos dias que demorei a ler o livro nem nos dias seguintes e quando, por algum motivo, penso nele (o que ocorre não raras vezes), não consigo fazê-lo sem sentir um certo deslumbramento. É, até ao momento, o meu livro preferido. Confirma, sem dúvida, Eça de Queirós um dos maiores escritores portugueses.
Editora: Porto Editora
Sinopse:
Na versão definitiva desta obra (1880), conjugam-se três factores já previamente salientes na carreira de Eça mas cuja importância relativa e cujo significado se irão modificando: um dado propósito de crítica social contemporânea; uma dada percepção de como determinadas personagens, enganando as outras, se enganam afinal a si próprias, fingindo acatar pautas morais de comportamento; e uma certa auréola de sonho que elas exalam. Assim, em qualquer das três versões deste romance se evidencia uma violenta crítica ao clero católico que já tem raízes nos Iluministas ou no romantismo liberal, e aos efeitos da sua burocratização constitucionalista, da sua presença em lares burgueses.
A. J. Saraiva e Óscar Lopes, in História da Literatura Portuguesa, 17.ª ed., Porto Editora (adaptado)
Opinião por Joana Azevedo:
A obra conta-nos o amor vivido entre o Padre Amaro e Amélia, na Leiria do século XIX. Quando sai do seminário, o jovem Padre é colocado numa paróquia de uma serra remota, numa aldeia onde a maioria das pessoas eram pobres pastores. Aí, pela primeira vez, questiona a sua vocação, apercebendo-se de que seguira a vida religiosa apenas por influência de uma marquesa, de que fora protegido e graças aos contactos que ainda tinha na alta sociedade lisboeta, consegue transferir-se para Leiria, uma das paróquias disponíveis com maior população e mais alto nível de vida. Hospeda-se em casa da “Senhora Joaneira”, deslumbrando-se, desde logo, com a beleza da sua filha, Amélia, e gozando todos os confortos que as duas mulheres lhe proporcionam. Ao mesmo tempo, vai crescendo uma forte amizade entre Amaro e Amélia, que rapidamente se transforma num romance tórrido, pontuado por obstáculos que o casal vai tentando ultrapassar.
Ao longo do desenrolar da trama, o autor vai-nos revelando várias facetas da sociedade da época. São particularmente notórios a hipocrisia dos membros da Igreja, que embora preguem em nome de Deus, cometem as maiores imoralidades e crueldades, e o envelhecimento e ignorância da comunidade religiosa, composta, essencialmente, por velhas beatas que, tal como Amélia, não resistem à simpatia e beleza do “senhor pároco”, que aparece aos seus olhos como um anjo.
Na minha opinião, trata-se de uma obra divinal. A crítica social e, sobretudo, religiosa está muito bem conseguida. Muitos dos diálogos entre padres e as suas acções são de tal forma contraditórios ao que apregoam que chegam a ser hilariantes. Encerra um romance empolgante, extraordinário, arrebatado e arrebatador. Conseguiu prender-me desde o início, dando eu por mim a torcer, logo após algumas páginas, pela Amélia e pelo Padre Amaro. “Entrei” mesmo “dentro do livro” e adorei-o.
Este é um dos livros que mais me fascinou. A história de Amélia e do Padre Amaro não me saiu da cabeça durante os poucos dias que demorei a ler o livro nem nos dias seguintes e quando, por algum motivo, penso nele (o que ocorre não raras vezes), não consigo fazê-lo sem sentir um certo deslumbramento. É, até ao momento, o meu livro preferido. Confirma, sem dúvida, Eça de Queirós um dos maiores escritores portugueses.
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