11 de março de 2011

Opinião - O Nascimento de Vénus

Título: O Nascimento de Vénus
Autor: Sarah Dunant
Editora: Chá das Cinco

Sinopse:
Desnudo o corpo da irmã Lucrezia, as freiras observam a estranha tatuagem em forma de serpente que percorre o seu ventre. Lucrezia um dia fora conhecida por Alessandra. Jovem e inteligente, ela vivera o esplendor e luxo dos Médicis em pleno Renascimento. Como fora ela parar àquele convento? O que significaria aquela tatuagem no seu corpo? De que morrera, afinal? O Nascimento de Vénus é um envolvente romance de mistério e paixão no século XV, a retratar em detalhe e minúcia a arte, a riqueza e a podridão de Florença.

Opinião por Inês Montenegro:
Recorrendo a uma narrativa agradável e a descrições que não ficam atrás, “O Nascimento de Vénus” relata as experiências de Alessandra Cechi, uma jovem peculiar que vivência uma súbita mudança social, religiosa e cultural na Florença Renascentista a que se habituara. Mas ainda que Alessandra seja a personagem principal – e narradora –, notou-se que foi dada igual atenção a várias das personagens secundárias, não se descurando as mesmas – algo que enriqueceu a história.

Sarah Dunant consegue atribuir vida às suas palavras, ao mesmo tempo que mantém uma leitura acessível. Pareceu-me, no entanto, que em vez de se debruçar num género específico, preferiu colocar uma pitada de vários – romance, história, mistério, religião, política, arte… Tudo isto é referido, transmitindo uma impressão de que é feito levemente. Algo com certeza erróneo, pois acredito que para o expor de forma fácil ao leitor, ocorreu um estudo intensivo por trás.

A ideia geral com que fiquei do livro é que reflecte uma luta entre pontas opostas do ser humano, que pela sua radicalidade, se vêm incapazes de encontrar um ponto de equilíbrio.

Senti-me ligeiramente surpresa quando passei da leitura do prólogo para a do primeiro capítulo. O ambiente de ambos era tão diferente, que poder-se-ia pensar tratarem-se de histórias independentes, e logo aí fiquei com curiosidade em ver como um começo daqueles iria terminar assim… E, de facto, o percurso de vida de Alessandra leva-a justificadamente àquele final. Algo engraçado de se fazer é reler o prólogo quando terminada a leitura do livro no seu todo.

Apenas a sensação de que ficaram assuntos por resolver entre ela e o irmão me deixou um pouco desiludida, mas já não sei se isso será mais devido ao meu feitio que a outra coisa.

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