18 de março de 2011

Opinião - Jogos na Noite

Título: Jogos na Noite
Autor: Sherrilyn Kenyon
Editora: Saída de Emergência

Sinopse:
Bride McTierney está farta de homens. São reles, egocêntricos e nunca a amam pelo que ela é. Mas embora Bride tenha orgulho na sua independência, no fundo deseja o seu príncipe encantado. Apenas nunca pensou que este pudesse ocultar-se sob uma pele de lobo!

Alguém tão perigoso e atormentado como Vane Kattalakis não é quem parece. Um Predador do Homem na forma de lobo, ele é um alvo a abater pelos muitos inimigos. Vane não está à procura de uma parceira, mas as Parcas marcaram Bride como sua. Agora tem três semanas para a convencer de que o sobrenatural é real ou perderá o respeito dos seus pares. Mas como é que um lobo convence uma mulher a confiar-lhe a vida quando tem inimigos na sua peugada? Num mundo tão cruel como o dos Predadores humanos, o amor fará alguma diferença?

Opinião:
Já não é segredo para ninguém que Sherrilyn Kenyon é a minha escritora favorita e que os livros dela são, para mim, uma espécie de vicio ao qual não consigo resistir. E este livro não foi excepção!!
Neste volume da colecção, entramos num universo paralelo: o dos Predadores do Homem, mas nem por isso menos interessante que o dos Predadores da Noite. Vane, a sua personagem central, é um lobo Katagaria (um homem que nasceu animal e viveu como tal, mas que ao atingir a puberdade se transformou em homem mas permaneceu com coração de animal), que luta pela sobrevivência ao ser perseguido por membros da sua própria família, que o querem ver morto, inclusive o seu próprio pai. No seu percurso, Vane é "atraiçoado" pelas parcas que marcam Bride, uma humana, como sendo a sua outra metade. Durante as três semanas que se seguem ele tem de proteger e convencer Bride que eles foram feitos um para o outro, ou ficará condenado a ficar sozinho. E é exactamente durante este período que a autora nos dá a conhecer o verdadeiro Vane: um homem doce, meigo, respeitador e protector.
E a verdade é que é bonita a forma como todo este romance improvável nasce, e não apenas pelo facto de ela ser humana e ele um lobo, mas sim pelo facto de ele enquanto homem ser um homem deslumbrante e ela uma mulher tamanho 48, com problemas de auto-estima, mas que para ele representa o que de mais belo há numa mulher, mostrando realmente que a verdadeira beleza vem de dentro de nós próprios.
Mais uma vez, entramos aqui em contacto com personagens de livros anteriores, o que também enriquece a história e os personagens. E é nos dado a conhecer Valério, o protagonista do próximo volume.
A forte componente sexual aliada à componente romântica faz com que se devore página atrás de página, ficando-se assim ansiosamente à espera pelo próximo capitulo.

Prólogo:
"Vinde comigo, viajante moderno, recuemos a um tempo envolto em mistério. Recuemos a uma lenda antiga já quase esquecida. Ou pelo menos…Distorcida. Podemos encontrar vestígios dela no nosso mundo avançado. Que mortal dos tempos modernos não sabe que deve temer os ruídos estranhos sob a luz da lua cheia? Temer o uivo do lobo? O grito do falcão? Olhar com cuidado para as mais escuras vielas? Não por medo de predadores humanos mas por medo de algo diferente.
Algo escuro. Perigoso. Algo ainda mais mortal do que os nossos vizinhos humanos.
Mas a raça humana nem sempre teve este medo. Na verdade já houve um tempo, há muito passado, em que os humanos eram humanos e os animais eram animais. Até ao dia do Allagi. Dizem que o nascimento dos Predadores do Homem, como o de quase todos os grandes flagelos, começou com a melhor das intenções.
O rei Licáon de Arcádia não fazia ideia, quando casou, que a sua amada rainha não era humana. A sua esposa guardava dentro de si um tenebroso segredo. Tinha nascido da maldita raça apollite e estava condenada a morrer no auge da juventude…aos vinte e sete anos. Só no dia do seu derradeiro aniversário, quando viu a amada sofrer uma morte horrível, de velhice, Licáon compreendeu que os dois filhos que ela gerara cedo se lhe juntariam no túmulo. Ferido pela dor, apelara aos seus sacerdotes que lhe disseram que não havia nada a fazer. Que destino era o destino. Mas Licáon recusou-se a aceitar a sabedoria deles. Afinal ele era um feiticeiro e estava determinado a não deixar que alguém lhe tomasse os filhos. Nem mesmo as Parcas. E,assim, lancou-se em experiências com a sua magia por forma a prolongar a vida do povo da sua esposa.Tendo-os capturado, fundiu, por artes mágicas, a sua essência com a de vários animais que eram conhecidos pela sua força: ursos, panteras, leopardos, falcões, leões, tigres, chacais, lobos e até dragões. Passou anos aperfeiçoar a nova raça, até estar, por fim, certo de que encontrara a cura para os seus filhos.Misturando-os com um dragão e um lobo, os animais mais fortes que utilizara nas suas experiências, imbuiu-os de mais força e magia do que quaisquer outros. Na verdade, concedeu aos filhos o seu próprio poder.
No fim, recebeu mais do que o que tinha desejado. Os filhos não só tinham vidas mais longas do que a da sua esposa, como tinham vidas mais longas do que a de qualquer espécie conhecida. Com as suas habilidades mágicas e a sua força animal, viviam dez a doze vezes mais do que qualquer ser humano.
As Parcas olharam para a Terra e viram o que o orgulhoso rei tinha feito. Furiosas com tal interferência no seu domínio, as Parcas decretaram que ele deveria matar os seus filhos e todos os outros como eles. Licáon recusou. Então as Parcas procuraram a sua própria forma de castigo para tamanha arrogância. Os filhos dele e todos os outros como eles receberam uma nova maldição.

- Nunca existirá paz entre os teus filhos – proclamou Cloto, a Parca que faz girar o fuso da vida. – Passarão a eternidade em ódio e luta, até ao dia em que o último entre eles deixar de respirar.

E assim foi. Sempre que Licáon fundia um animal e um ser humano, criava, na verdade, dois seres. Um ser de coração animal e um ser de coração humano.
Àqueles que andavam como homens e que possuíam corações humanos chamaram Arcadianos, tal como o povo de Licáon. Àqueles que possuíam corações animais chamaram Katagaria. Os Katagaria nasceram animais e como animais viveram. No entanto, ao atingir a puberdade, quando as suas hormonas provocavam a libertação dos poderes mágicos, tornavam-se capazes de se transformar em seres humanos, pelo menos na aparência. Os seus corações animais mantinham o controlo sobre as suas acções. Da mesma forma, os Arcadianos nasciam humanos e como humanos viviam até a puberdade trazer consigo a magia e a capacidade de assumirem forma animal.
Dois lados de uma moeda , duas espécies que deveriam viver em paz. Em vez disso, a deusa enviou a Discórdia para semear entre elas a desconfiança. Os Arcadianos sentiam-se superiores aos seus primos humanos. Afinal, eles eram humanos, capazes da racionalidade humana, ao passo que os Katagaria não passavam de animais capazes de assumir a forma humana. Os Katagaria depressa aprenderam que os Arcadianos não eram honestos nas suas intenções e que podiam dizer uma coisa para depois fazer outra.
Ao longo dos tempos, os dois grupos caçaram-se um ao outro, reclamando para si a superioridade moral. Os animais acreditavam que os Arcadianos eram a verdadeira ameaça, ao passo que os Arcadianos acreditavam que os Katagaria deviam ser controlados ou aniquilados.
Era uma guerra sem fim. E como todas as guerras, nunca houve um verdadeiro vencedor.
Apenas vítimas que continuavam a sofrer devido aos preconceitos e ao ódio infundado."

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