12 de janeiro de 2011

Opinião - Por Treze Razões


Título: Por Treze Razões
Autor: Jay Asher
Editora: Editorial Presença

Sinopse:
Naquele dia quando Clay regressou da escola, encontrou à porta de casa uma estranha encomenda com o seu nome escrito, mas sem remetente. Ao abri-la descobre que, dentro de uma caixa de sapatos, alguém colocara sete cassetes áudio, com os lados numerados de um a treze. Graças a um velho leitor de cassetes Clay prepara-se para ouvi-las quando é sobressaltado pela voz de Hannah Baker de dezasseis anos, que se suicidara recentemente e por quem ele estivera apaixonado. Na gravação, Hannah explica os seus treze motivos para pôr fim à vida, que a cada um deles correspondia uma pessoa e que todas elas iriam descobrir na gravação o seu contributo pessoal para aquele trágico desfecho."

Opinião por Alice Rodrigues:

Este é o 3º volume da colecção «Noites Claras», uma colecção original direccionada para o público juvenil, onde são incluídos assuntos relacionados com os problemas mais sérios da adolescência e da juventude. Uma colecção que sigo com o maior dos prazeres.

O que leva uma jovem de 16 anos a cometer suicídio? Como pode alguém tomar uma decisão destas? É repentino ou será pensado? As respostas a estas e outras perguntas relacionadas com o tema são-nos respondidas de uma forma tocante num relato devastador mas belíssimo feito a duas vozes. Por um lado temos Clay, um jovem que amava em segredo uma rapariga que se suicida sem que ele lhe tenha revelado os seus verdadeiros sentimentos. Por outro lado temos a voz de Hannah que quando se vê sufocada pela vida e toma a decisão de deixar tudo para trás, deixa também algumas cassetes nas quais revela os seus motivos.

É verdadeiramente estranha a sequência de sentimentos que experimentamos ao fazer esta viagem pelos últimos meses de vida da personagem, o modo como à medida que vamos lendo nos assaltam a memória episódios que pensávamos há muito esquecidos, coisas que nos fizeram, coisas que fizemos... " Ninguém pode ter a certeza do impacte que exerce na vida dos demais. A maior parte das vezes, nem nos passa pela cabeça. E, não obstante, não podemos evitar exercê-lo." É este o coração de toda esta narrativa, quem nunca sofreu danos colaterais por algo que outro alguém fez? Quem nunca provocou algum tipo de dor noutra pessoa mesmo que não intencionalmente? E se as nossas acções impensadas levarem alguém a um acto tão desesperado como o suicídio, como vamos reagir ao sabê-lo? E se sentirmos que podíamos ter salvo alguém se tivéssemos tido coragem para dizer o que sentimos ou simplesmente para agir de modo diferente em determinada altura?

Longe de ser um incentivo ao suicídio, esta belíssima narrativa é um elogio à vida, um relato de situações pelas quais todos passamos uma vez na vida, um retrato da dor provocada pela impotência e pela perda mas sobretudo um incentivo a ser diferente, a olhar os outros "com olhos de ver" e a respeitar a diferença que torna cada ser humano único. Tudo isto conseguido através de uma escrita muito simples e muito jovem que deixa o leitor completamente desarmado e que o leva a identificar-se com os personagens e as situações.
Apesar de direccionado para um público mais jovem só posso dizer... Adorei

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