22 de dezembro de 2010

Opinião - Por tentativa e erro


Título: Por tentativa e erro
Autor: Teresa Cunha
Editora: Chiado Editora

Sinopse:
Após longos anos no exercício de uma carreira profissional no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Teresa Cunha relata as muitas atribulações de uma Trabalhadora Humanitária na luta diária para cumprir os seus objectivos no decurso de uma década. A narrativa é factual e contribui para a desmistificação de algumas concepções erróneas sobre este trabalho e as heróicas criaturas que o cumprem.

Sendo a autora cidadã luso-canadiana, as experiências combinam não só duas culturas de base muito diferentes, nomeadamente a Europeia e a Norte-Americana, mas também todas as culturas que visitou no decorrer de vários anos de serviço enquanto Funcionária-Pública Internacional, sobretudo em África e nos Balcãs durante as mais recentes guerras.
Trata-se dum relato leve, humorístico e por vezes comovedor das experiências de vida de muita gente diversa, de muitas nacionalidades diferentes, e essencialmente focado sobre o chão comum que partilhamos enquanto cidadãos deste planeta.

Opinião por Susana Ferreira:
Tenho que confessar que, tanto o título como a capa me causaram uma certa relutância em lê-lo, mas... aventurei-me. Ontem acabei de o ler e, mais uma vez confesso que, certamente me arrependeria se não o tivesse ''devorado'' porque realmente adorei o livro. É um erro comum julgarmos algo pela sua aparência sem sabermos o seu conteudo...enfim, fiquei rendida...

Aqui vai... Muito mais que um livro... um relato na primeira pessoa, não apenas de uma vida, mas de várias com quem a sua própria se cruzou. Uma breve referência familiar, ao pai, à mãe, e, daí em diante, à sua vida e à de todos com quem se viria a cruzar e a dar de si.

Passou pela ''idade do armário'', como ela própria chama, com fugazes amores, outros arrebatadores (pelo menos por parte do sexo oposto) e, a partida para o Canadá para ingressar na Universidade, deixando para trás um desses amores ''eu por minha vez, assim que entrei no avião esqueci as mágoas e já estava pronta para encetar a próxima fase da minha vida...''.
No fim as sua ''pós-graduação'' teve a sua merecida viagem de Inter-Rail pela Europa, com um colega que, ''se esticou''(expressão minha) e, graças a isso, no final da viagem já nem amizade existia ''quando a aventura acabou dei por finda também a amizade''.
Regressou ao Canadá e, por fim, a casa ''a minha decisão deixou o meu pai encantado com a perspectiva de um dos 'pesserinhos' voltar ao ninho''.
Teve vários empregos, entre secretária e gerente de uma loja de computadores mas viria a receber uma convocatória do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), e aí ficou desenvolvendo e chefiando várias ''missões'', sempre bem sucedidas.
Malawi, Maputo, Genebra, locais por onde passou e deixou marcas, fez amizades, grandes amizades, locais onde deixou saudades e que lhe deixaram saudades também, onde perdeu alguns amigos (como o David por exemplo), onde ganhou outros (como a Joke também de exemplo).
Aquando da morte do seu pai, Teresa decidiu abandonar o ACNUR porque achou que seria o momento certo.
No final, faz o seu balanço (por mim, positivo), de vida ligada sobretudo aos outros e sobretudo uma vida ''feliz''.

Um livro irónico e sobretudo bastante humorístico e bem humorado, repleto de experiências bem conseguidas e, consequentemente bem redigidas. Não preciso de mais palavras para dizer que adorei e que a partir do final da leitura do livro, Teresa Cunha ganhou (mais) uma fã.

2 comentários:

Clube dos Poetas Vivos (no Facebook) disse...

O CPV terá sisd, através da sua fundadora e administradora, um dos primeiros locais a chamar a atenção para esta extraordinária narrativa, porque real!
Grata pela opinião vinculativa da nossa!
Um abraço

Menina Marota disse...

Parabéns, Teresa!!
Finalmente um reconhecimento público!
Grata ao Blogue D'Magia pela publicação desta opinião.
Um abraço