22 de dezembro de 2010

Opinião - A Casa dos Espíritos


Título: A Casa dos Espíritos
Autor: Isabel Allende
Editora: Difel

Sinopse:
O relato da vida de Esteban Trueba, da mulher, dos filhos legítimos e naturais, e dos netos vai levar-nos do começo do século até à actualidade; é toda uma dinastia de personagens à volta das quais a narrativa vai gravitando sem perder de vista os outros - mesmo depois de mortos. O temperamento colérico do fundador, a hipersensibilidade fantasista da sua mulher e a evolução social do país - que reflecte e pode muito bem simbolizar qualquer país latino-americano - tornam difíceis as relações familiares, marcadas pelo drama e a extravagância e conduzem a uni final surpreendente e cruel, que deixa no entanto aberto o caminho de uma trabalhosa reconciliação.
No panorama da actual literatura hispano-americana, nennhum nome de mulher tinha conseguido até agora ocupar um lugar cimeiro. Faltava pois uma romancista. A impecável desenvoltura estilística, a lucidez histórica e social e a coerência estética, patentes em A Casa dos Espíritos fazem do primeiro romance de Isabel, um livro inesquecível.

Opinião por Ana Nunes:

Mais do que a história de um homem, mais do que a história de uma família, ou de várias gerações, esta é a história de um povo e de um país cuja mentalidade amadurece com o passar do anos, numa era de mudanças e radicalismos.
A forma como esta história é contada é muito cativante, e a autora tem uma voz muito própria, que envolve o leitor e o faz viajar pelas páginas do livro e pela história do país. Confesso que ao princípio não gostei tanto porque me parecia que a narrativa se movia demasiado depressa, mas cedo percebi que não era bem assim e agora vejo que esta andou ao compasso mais acertado.
Alturas houve também, em que me pareceu que os outros (que não da família) eram mais explorados que os da própria família, mas também isso cedo se dissipou pois todos faziam parte do ciclo da história e nenhuma personagem estava lá ao acaso, algo que a autora usou com mestria.

Tive pena que Clara fosse tão pouco explorada, pareceu-me que sempre a mostravam apenas superficialmente, o que não deveria acontecer já que ela é um dos pilares da família de da história. Ao contrário de Estéban, que foi bem retratado e analisado ao pormenor, Clara ficou-se numa superfície de avaliações que deixaram mais questões que respostas.

Depois de todo o livro, não consegui ter pena do Estéban, pois ele irritou-me e enojou-me desde a primeira vez que apareceu. Pareceu-me que a intenção da autora era fazer-nos ter alguma piedade por esta personagem, mas comigo não funcionou, embora perceba como tal poderia ocorrer a outros leitores, já que vemos tanto o seu pior como o seu melhor, e ele não deixa de ser um homem preso à sua geração, quase totalmente incapaz de evoluir com os tempos, algo que no fim acabou por lhe trazer muitos dissabores.

Gostei de como todas as personagens foram retratadas e dos sentimentos que cada uma delas me fez sentir, quer fosse ódio, desprezo, amor, piedade ou outro.
Como romance histórico está fantástico! Não sei ao certo quão fiel é à realidade, embora tenha impressão que o é muito, mas mesmo não sendo, a autora conseguiu embrenhar-nos da história geracional de uma nação e sentir por um povo oprimido.

Em suma, este é sem dúvida um clássico que recomendo a todos que leiam. Não é perfeito, mas é uma boa leitura.

1 comentário:

Ana C. Nunes disse...

Estava eu a ler isto e a pensar: "Que raio! Eu usei estas mesmas palavras", e só depois percebi que era a minha opinião. XD
Tenho de começar a prestar maia atenção. :)