24 de outubro de 2010

Entrevista a José Leon Machado

Esta semana, venho vos dar a conhecer mais autor português bastante conceitado, José Leon Machado, que já conta com diversas obras publicadas como:

A Vendedora de Cupidos (romance)
Tratado da Alegria (poesia)
O Sapo Envergonhado (Literatura Infantil)
O Cavaleiro da Torre Inclinada (romance)
Memória das Estrelas sem Brilho (romance)
Jardim sem Muro (contos)
O Arrastar dos Dias (diário)
Braços Quebrados (romance)
O Construtor de Cidades (romance)
Prosa Versificada - II (poesia)
Os Incompatíveis (contos)
Fluviais (contos)
Memórias Quase Íntimas - III (diário)
O Empreiteiro (teatro)
A Forma de Olhar (romance)
Memórias Quase Íntimas - II (diário)
O Guerreiro Decapitado (romance)
Memórias Quase Íntimas - I (diário)
Prosa Versificada - I (poesia)
Na Ilha de Circe (romance)
A Sombra Sorridente (novela)
A Margem (romance)
Quero Cortejar o Sol (diário)


Sobre o autor:
José Leon Machado nasceu em Braga no dia 25 de Novembro de 1965. Estudou na Escola Secundária Sá de Miranda e licenciou-se em Humanidades pela Faculdade de Filosofia de Braga. Frequentou o mestrado na Universidade do Minho, tendo-o concluído com uma dissertação sobre literatura comparada. Actualmente, é Professor Auxiliar do Departamento de Letras da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde se doutorou em Linguística Portuguesa. Tem colaborado em vários jornais e revistas com crónicas, contos e artigos de crítica literária. A par do seu trabalho de investigação e ensino, tem-se dedicado à escrita literária, especialmente à ficção. Influenciado pelos autores clássicos greco-latinos e pelos autores anglo-saxónicos, a sua escrita é simples e concisa, afastando-se em larga medida da escrita de grande parte dos autores portugueses actuais, que considera, segundo uma entrevista recente, «na sua maioria ou barrocamente ilegíveis com um público constituído por meia dúzia de iluminados, ou bacocamente amorfos com um público mal formado por um analfabetismo de séculos.»
Ganhou vários prémios literários, de que se destacam o Prémio Edmundo Bettencourt 2001 da Câmara Municipal do Funchal com a obra Os Incompatíveis (contos, Campo das Letras, 2002) e o Grande Prémio de Literatura ITF 2002 (actual DST) com a obra Fluviais (contos, Campo das Letras, 2001).


Entrevista:

Começaste a escrever com que idade?
Comecei a escrever aos sete anos, como quase todos os miúdos. Mas textos que se aproximam da literatura, foi apenas aos doze. Por sugestão de um professor de Português, comecei a escrever um diário. Gostei da experiência e foi isso que me levou mais tarde a escrever outras coisas. Aos quinze, iniciei um romance, que ficou inacabado.

Foi fácil lançares-te no mundo literário?
Foi bastante difícil. Em Portugal, as editoras só publicam, ou os que já são conhecidos, ou os amigos dos que já são conhecidos. Como eu não era conhecido, encostei-me a um que o era. E foi assim que publiquei o meu primeiro livro.

Onde vais buscar a tua inspiração?
No meu trabalho de escrita há muito pouco de inspiração. Há, sim, muita transpiração. Escrever é difícil e aborrecido. Entre escrever e fazer qualquer outra coisa, prefiro qualquer outra coisa. No entanto, e para que a pergunta não fique sem resposta, ou para que não pensem que me estou a armar em engraçadinho, digo com franqueza que me sirvo, para as personagens de que invento as vidas e as vivências, do mundo real. Não faltam por aí óptimos modelos: maridos que batem nas esposas; políticos corruptos; oportunistas; tarados; imbecis; idiotas; analfabetos; prostitutas; etc.

Como é o teu processo criativo? Tens algum ritual?
Não tenho ritual nenhum. Escrevo em qualquer lado e em qualquer momento. É por esse motivo que uso folhas soltas e cadernos. Só mais tarde é que passo para o computador e faço aí as revisões.

Quais são as tuas referências literárias?
São muitas. Alguns romancistas portugueses dos séculos XIX e XX; alguns poetas, como Camões, Fernando Pessoa e Alexandre O'Neil; uns quantos escritores anglo-saxónicos (Salinger, Steinbeck, Paul Auster, David Lodge, Philip Roth); e o Cervantes do D. Quixote, que é o maior deles todos.

Sabemos que és um escritor muito versátil e talentoso, que consegue escrever diferentes géneros. Gostaríamos agora de saber qual é o género que mais gostas de escrever e porquê.
Gosto de escrever contos. É rápido, é confortável e fica a coisa arrumada para não pensar mais nela. Mas num mundo em que o romance é que vende, tenho de me submeter à ditadura do leitor. Os romances dão muito mais trabalho. Temos de pensar neles durante muito tempo, a inventar intrigas. Depois é uma trabalheira para rever tudo e evitar incongruências.

A tua versatibilidade passa por escreveres tanto para um público mais adulto quanto para um pouco infantil. Quais são as tuas maiores dificuldades nestes campos? E qual é para ti o género mais fácil de escrever?
É mais difícil escrever para crianças, embora não se tenha essa ideia. Os grandes escritores raramente se atrevem a pegar na pena e escrever uma história infantil. E quando se atrevem, pode sair uma coisa que nem por isso agrada ao público jovem.

Na tua obra O Cavaleiro da Torre Inclinada chega-nos uma história de um professor universitário. Este romance é baseado na tua experiência académica?
Uma vez que trabalho numa universidade, é compreensível que me sirva da minha experiência nesse cenário. Mas os eventos narrados nada têm a ver com a realidade. As personagens e as suas vivências são pura fantasia.

De todas as tuas obras com qual é que identificas mais? E porquê?
Com os diários que publiquei, porque aí sou eu próprio.

Qual o teu livro preferido?
Qual? Dos meus ou dos outros? Se é dos meus, aí fica o título: A Vendedora de Cupidos. Se é dos outros, já o disse atrás: o D. Quixote.

Qual a tua citação preferida?
"Tudo é verdade e caminho" do Fernando Pessoa.

Qual foi o último livro que leste?
Aqui, o Outro Lado, de Maria Miguel Silvério, em formato digital para o Kindle.

Queres nos desvendar um pouco da história?
Nele se conta a história de dois apaixonados a viverem algures no futuro, onde a liberdade não existe. Não sendo como os demais, ao não aceitarem passivamente o status quo, sofrem as consequências disso. É uma bela parábola que prefigura aquilo que nos espera se continuarmos a confiar a políticos sem escrúpulos a nossa capacidade de pensar e de decidir.

Já algum aluno te pediu para lhe autografares um livro? Ou tens assim algum episódio engraçado que nos queiras contar?
Sobretudo na altura dos exames, é frequente os alunos andarem atrás de mim a pedir autógrafos. Se eu tivesse um escritor como professor, também faria o mesmo.

Sabemos que presentemente te encontras a escrever uma trilogia. Queres-nos desvendar um pouco da história?
Já saíram dois romances da trilogia: Memória das Estrelas sem Brilho e A Vendedora de Cupidos. O primeiro vai desde o início do século XX até ao início da Segunda Guerra Mundial. O segundo passa-se durante a Segunda Guerra Mundial. O terceiro será sobre as guerras coloniais. É curioso que o escritor Ken Follett tenha anunciado recentemente uma trilogia, de que acaba de sair o primeiro volume. Se eu tivesse um grande umbigo, diria que ele me roubou a ideia...

Como nasceu o Projecto Vercial no panorama da literatura portuguesa?
Nasceu em 1996, para colmatar uma falha grave na Internet. Não havia uma página de referência sobre autores portugueses.

Quais são os teus planos e objectivos para o futuro?
Deixar de escrever e de leccionar e passar o tempo sem fazer mais do que dar grandes passeios à beira-mar. Bem acompanhado, se possível.

2 comentários:

Anónimo disse...

Grande Professor :D
Recomendo Memórias de uma estrela sem Brilho!
Fantástico

Anónimo disse...

Como professor deixa muio desejar.
Como escritor, podia dedicar-se menos ao eroticismo e procurar um psicologo!
Beijos