19 de agosto de 2021

Opinião – “Mistério em Saint-Tropez” de Nicolas Benamou

Sinopse

Como acontece todos os verões, o bilionário Tranchant e a sua esposa Eliane recebem o mundo glamuroso das celebridades na sua luxuosa mansão no sul de França. Quando os crimes de sabotagem a um dos seus carros juntamente com cartas ameaçadoras causam o desassossego na festa, Tranchant não descansa enquanto não contratar o melhor agente para a investigação. No meio deste verão quente, apenas Boullin, o arrogante e incompetente inspetor da polícia está disponível… Para apanhar o suspeito e resolver o mistério, o inspetor não terá escolha a não ser fazer passar-se por um empregado recém-contratado e transformar as férias de todos num jogo hilariante de ‘Cluedo’!

Opinião por Artur Neves

Eis aqui o verdadeiro filme da silly season, se é que se possa chamar assim aos tempos que atravessamos, porque embora o calendário e o bom tempo o indiquem, as notícias reportam tempos sombrios que este filme pretende distender com uma paródia bem urdida no seio de uma família da classe alta francesa da década de 70 que se destacava por gozar férias acompanhadas da socialite da época em locais aprazíveis, junto ao mar ou em casas que satisfariam os desejos de comodidade e fausto de qualquer mortal.

É pois numa dessas casas que o le baron Claude Tranchant (Benoit Poelvoord) e sua esposa Baronesa Élaine Tranchant (Virginie Hocq) passam férias em ilustre companhia mas ficam chocados e temerosos quando um amigo próximo, convidado pelo casal, sofre um acidente de automóvel que se vem a revelar como uma tentativa de assassínio por sabotagem do circuito de travagem. Sem saber a quem atribuir a realização desta armadilha resolvem contactar o seu amigo e primeiro ministro de França, Jacques Chirac (nada menos do que isso) para os ajudar a descobrir o autor de tal proeza. Este, solicita os bons ofícios da polícia de investigação através e um telefonema ao diretor geral da PJ, Maurice Lefranc (Gérard Depardieu) que entrega o caso ao único detetive em serviço naquele mês; Jean Boullin (Christian Clavier) que se notabilizou pelas mais desastradas e incompetentes intervenções em casos anteriores, estando assim criadas as condições necessárias para uma comédia francesa com todos os condimentos de descontração e situações hilariantes que nos fazem passar 90 minutos agradáveis.

Com esta história e com estes personagens está evidente as confusões que se levantam considerando que Boullin é completamente incapaz de estruturar um plano, uma estratégia que possa levar coerentemente à descoberta do potencial criminoso. Adicionalmente, tal como nas histórias de crime tradicionais existem múltiplas e inconfessáveis relações entre alguns personagens que complicam ainda mais o raciocínio escasso de Boullin que segue de gafe em gafe, cada uma pior do que a anterior e muito embora o filme se sirva de alguns gags já estafadamente conhecidos o desenrolar da história faz-nos rir, pela surpresa, pelos inusitados acontecimentos que nos são relatados por personagens bem conseguidos. Não é inédito, corresponde à tradição de verão a que o cinema francês já nos habituou, mas é uma lufada de ar fresco, pela qual nos apetece ser bafejados. Recomendo como filme de verão.

Tem estreia prevista em sala, dia 26 de Agosto

Classificação: 6 numa escala de 10

 

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