23 de outubro de 2020

Opinião – “Um Último Golpe” de Mark Williams

Sinopse

Um assaltante de bancos decide mudar de vida e tornar-se numa pessoa honesta a partir do momento em que se apaixona por uma mulher que trabalha numa instalação de armazenamento, um lugar onde ele esconde todo o dinheiro que rouba. Mas fica cada vez mais difícil limpar o seu nome quando passa a ser investigado por um agente do FBI, corrupto.

Opinião por Artur Neves

Liam Neeson, o protagonista deste filme começou a trabalhar em 1978 e apresenta um curriculum diversificado de temas em que tem entrado, mas só se fez notado no seu primeiro “Taken” em 2008 e nas sequelas subsequentes de 2012 e 2014 em que criou uma figura de justiceiro independente para se substituir ao papel da polícia tradicionalmente ineficiente em histórias de crime. Em boa verdade o personagem criado não era muito convincente considerando que as características físicas do ator não eram as mais adequadas para o representar. Digamos para rematar que não se parece a um Charles Bronson, que era como mosca no mel para personagens do tipo vigilante.

Mas como encontrou o sucesso desta maneira há que continuar no tema, introduzindo as necessárias adaptações ao personagem, como em; "The Commuter – O Passageiro" de 2018, bem como o encontramos nesta história como um assaltantes de bancos maravilha (que no filme ele explica quais as motivações que o enredaram nessa vida) arrependido, que quer devolver o produto dos assaltos para poder viver em paz com a mulher da sua vida, encontrada acidentalmente num encontro fortuito.

Sem querer questionar as motivações de Tom Carter (Liam Neeson) não me posso esquecer de “ O Cavalheiro com Arma” de 2018, em que Robert Redford desempenhava um personagem mais credível e completo numa história parecida, de arrependimento e redenção em nome do amor.

Assim o que temos é um thriller de ação… pacato, com movimentação mais sugerida do que vista, que inclui um romance com uma mulher e um caso de corrupção na polícia desmascarado pelo nosso herói, à custa da morte de homens bons que ficam como danos colaterais, decorrentes da tentativa de auto justicialismo decidida por Tom.

Liam Neeson tem atualmente 68 anos e convenhamos, já não é para aquela idade andar à bulha com homens de 34, como Jai Courtney, e Anthony Ramos de 29, que interpretam os dois polícias corruptos Nivens e Hall respetivamente, numa história que não sendo muito rica em enredo é algo compensada pelo desenvolvimento do personagem desempenhado por Neeson, onde um homem atormentado pela sua culpa e pela incerteza sobre a sua decisão, caminha por ruas vazias e hotéis vazios que nos transmitem uma austeridade de meios pouco habitual em filmes americanos de ação. Pelo contrário Annie (Kate Walsh) respira alegria e atividade apesar de estar a passar por um divórcio que lhe trocou as voltas pensadas para a sua vida e vai agravar-se na sua ligação com Tom, num romance que cresce ao longo do filme.

Tom Carter pode ser classificado como um guerreiro em fim de ciclo, que no fundo não destoa do ator Liam Neeson, podendo continuar por este caminho, valorizando a sua graça melancólica em personagens mais sedutores e recatados e menos em histórias de ação onde já não se acredita em muitos dos factos que nos querem mostrar. Pelo menos durante 100 minutos não se pensa na Covid-19 e isso já pode constituir uma mais valia. Estreia nas salas em 29 de Outubro.

Classificação: 5,5 numa escala de 10

 

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