Sinopse
A história do expatriado
americano Mickey Pearson um homem que construiu um império de marijuana
altamente lucrativo em Londres. Quando se torna pública a notícia de que ele
está a tentar lucrar com os negócios para se puder reformar, desencadeiam-se
conspirações, esquemas, suborno e chantagem, com a única tentativa de sabotarem
o seu domínio de luxo. Realizado por Guy Ritche (Snatch – Porcos e Diamantes;
Um Mal Nunca Vem Só) e com Hugh Grant, Michelle Dockery e Charlie Hunnam.
Opinião
por Artur Neves
Aí está a reabertura do
cinema ao vivo, isto é, em sala… não se trata de uma televisão melhor ou pior,
mas da sala escura, onde podemos viver emoções através do visionamento de uma
história. Claro que para defesa das distribuidoras e também pela escassez de
produção durante os tempos duros que atravessamos (porque a crise ainda não
passou) as salas abrem com reposições e no presente caso; “The Gentlemen – Senhores
do Crime” é uma reposição feliz por se tratar de um filme contado de uma forma
particular por Fletcher (Hugh Grant) um investigador privado, contratado para
investigar os negócios de Michael Pearson (Matthew McConaughey) que pretende
vender o seu negócio de patrão da droga para se poder reformar e gozar o resto
da vida com sua mulher Rosalind (Michelle Dockery) como que de um trabalhador
regular se tratasse.
O problema não reside nos
desejos de Michael Pearson (tratado carinhosamente por Mickey) mas antes nos
potenciais compradores que rivalizam entre si a aquisição do império de Mickey
que inclui o multimilionário americano Matthew Berger (Jeremy Strong) e o
mafioso chinês Dry Eye (Henry Golding) que não olha a meios para conseguir o
que ele já considera seu antes de o possuir.
Fletcher, amigo de longa
data de Mickey, aparece em casa dele para uma longa conversa sobre o negócio em
que dirime argumentos a favor e contra os potenciais adquirentes, transformando
a história numa versão vintage no
universo dos filmes de Guy Ritchie.
Este realizador britânico
que teve um auspicioso início com filmes negros, ambientados em universos de
crime e diálogos espirituosos que evidenciavam o sotaque da Inglaterra profunda
e das docas, mudou-se a certa altura para os sucessos de bilheteira de Sherlock
Holmes, 2009 e, pior ainda, Aladdin, 2019, para o qual escreveu o argumento,
tenta agora redimir-se com esta nova comédia trágica no mundo da droga em
Inglaterra, para a qual convida atores de nomeada e com larga experiência, para
desenvolverem um trabalho tão árduo como inovador.
Os factos narrados por Fletcher,
são visionados na tela como ilustração dos seus argumentos, mas nem sempre
correm como previsto, porque Mickey já os antecipara e em certas situações até neutralizara
os seus efeitos, mas os dados estão lançados e a narrativa prende o espectador
a uma ação que é descrita por Fletcher de uma certa maneira e ocorrem com
algumas nuances que estragam as melhores
previsões. Deste modo, alguma ação é repetida em duas versões, enquanto Fletcher
e Mickey manipulam a realidade sombria nas ficções de Fletcher o que torna o
filme credor de alguma complacência do espectador durante os 113 minutos de
duração.
No meu entender é por uma
boa causa, pois assim transforma-se um nefasto submundo numa sofisticada
comédia, polvilhada de piadas racistas sobre chineses cujo autor é o próprio
Dry Eye. Mickey por seu lado revela-nos um Matthew McConaughey diferente
daquele que conhecemos nos anos 90 e que lhe trouxe o Oscar em “O Clube de
Dallas” de 2013, ou “Interstellar” de 2014. Mickey aqui é um sóbrio mafioso,
pachorrento nas palavras, muito sentado e quieto, estranha-se, mas o personagem
não pede mais.
Por outro lado, de Colin
Farrell, aparece como um treinador de box num personagem absolutamente
secundário mas animado de um frenesim e uma agitação que o argumento deveria
incluir mais no enredo da história. No global é um filme que se vê com agrado,
tem suspense e indefinição até ao
final, constituindo uma boa opção para uma rentrée
tão esperada.
Classificação: 6,5 numa
escala de 10
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