Sinopse
Após ser
dispensado honrosamente do serviço de Operações Especiais, o ex-soldado Peter
Koslow (Joel Kinnaman) vê o seu mundo virado do avesso quando é preso depois de
uma luta para proteger a sua mulher (Ana de Armas).
No entanto,
é contacto por dois agentes do FBI (Rosamund Pike e Clive Owen), que lhe
oferecem a possibilidade de lhe comutar a pena, mediante a condição de se
tornar informador e usar os seus talentos numa operação para derrubar o mais
poderoso senhor do crime de Nova Iorque, conhecido por O General.
Quando a
operação resulta na morte de um polícia, Koslow acaba por ficar no fogo cruzado
entre a máfia e o FBI.
Num mundo de escolhas impossíveis, Peter Koslow tem de
regressar à prisão, onde é obrigado a formular um plano para escapar às garras
das três organizações mais poderosas de Nova Iorque – a máfia, a polícia e o
FBI – para assim se poder salvar a si e à sua família.
Opinião
por Artur Neves
De acordo com o resumo da
história referida na sinopse, este filme teria tudo para ser um sucesso, para
lá dos carismáticos atores que integra e da intriga que constrói no seio da inerente
rivalidade entre duas forças policiais que se querem afirmar como mais
importante do que a outra, quando a vingança da morte de um dos seus membros está
em causa.
O argumento do filme tem como
base o romance do Sueco Stieg Larsson “Three Seconds” que só por si seria uma
excelente referência de origem, (Stieg Larsson é o autor da trilogia “Milenium”)
mas o ator e agora realizador Andrea Di Stefano não teve “mãos” para o projecto
que apesar de apresentar uma duração normal para o género, 113 minutos, fica-lhe a
faltar massa crítica para uma história com múltiplos twists em várias plataformas (FBI, NYPD, máfia da droga) que mereceriam
mais detalhe, atenção e descrição de pormenores para tornar credível a acção que
se desenrola numa sucessão de equívocos.
Compreende-se a disputa
entre o FBI e NYPD mas perde-se a postura e as motivações de Montgomery (Clive
Owen) para as suas atitudes, particularmente este personagem com este ator que
normalmente impregna de dura personalidade tão profundamente os personagens que
encarna, como em; “Infiltrado” de 2006, “A Organização” de 2009, ou “Anon” de
2018, para só mencionar três exemplos, aqui mal tem tempo para aparecer e para
nos dizer ao que vem e muito menos porque vem.
Di Stefano preocupa-se mais
em nos mostrar a célula familiar constituída por Peter Koslow (Joel Kinnaman) um
bom pai de família que teve azar numa luta de bar mas que só pretende uma vida
pacata com a sua mulher, Sofia Hoffman (Ana de Armas) e a filha de ambos, em
que Ana de Armas com o seu rosto bonitinho e corpo roliço, não exprime a angústia
inerente aos acontecimentos nem a força necessária para lhes resistir e os seus
grandes olhos e boca carnuda em demorados close
ups constituem um fait divers para
o espectador, em algumas cenas de tensão e angustia.
O argumento está construído com
cruzamentos duplos e triplos, é coerente e movimentado e bem ao nível do
género, mas parece que o realizador teve pressa em acabar a tarefa e não nos dá
tempo, nem meios, para ajuizarmos as situações antes das mesmas serem descritas,
ou comentadas, pouco depois pelos personagens. Falta intensidade dramática,
falta envolvimento e sobretudo, numa das cenas finais, falta mostrar como Kinnaman,
na sequência da cena mais empolgante do filme que lhe permitiu uma astuciosa fuga
da prisão, mal tratado e queimado num incêndio, reverte a acção a seu favor
dentro da ambulância contra três enfermeiros policias que o guardavam. Uma pena!...
Classificação: 5 numa escala
de 10
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