3 de janeiro de 2020

Opinião – “O Informador” de Andrea Di Stefano


Sinopse

Após ser dispensado honrosamente do serviço de Operações Especiais, o ex-soldado Peter Koslow (Joel Kinnaman) vê o seu mundo virado do avesso quando é preso depois de uma luta para proteger a sua mulher (Ana de Armas).
No entanto, é contacto por dois agentes do FBI (Rosamund Pike e Clive Owen), que lhe oferecem a possibilidade de lhe comutar a pena, mediante a condição de se tornar informador e usar os seus talentos numa operação para derrubar o mais poderoso senhor do crime de Nova Iorque, conhecido por O General.
Quando a operação resulta na morte de um polícia, Koslow acaba por ficar no fogo cruzado entre a máfia e o FBI.
Num mundo de escolhas impossíveis, Peter Koslow tem de regressar à prisão, onde é obrigado a formular um plano para escapar às garras das três organizações mais poderosas de Nova Iorque – a máfia, a polícia e o FBI – para assim se poder salvar a si e à sua família.

Opinião por Artur Neves

De acordo com o resumo da história referida na sinopse, este filme teria tudo para ser um sucesso, para lá dos carismáticos atores que integra e da intriga que constrói no seio da inerente rivalidade entre duas forças policiais que se querem afirmar como mais importante do que a outra, quando a vingança da morte de um dos seus membros está em causa.
O argumento do filme tem como base o romance do Sueco Stieg Larsson “Three Seconds” que só por si seria uma excelente referência de origem, (Stieg Larsson é o autor da trilogia “Milenium”) mas o ator e agora realizador Andrea Di Stefano não teve “mãos” para o projecto que apesar de apresentar uma duração normal para o género, 113 minutos, fica-lhe a faltar massa crítica para uma história com múltiplos twists em várias plataformas (FBI, NYPD, máfia da droga) que mereceriam mais detalhe, atenção e descrição de pormenores para tornar credível a acção que se desenrola numa sucessão de equívocos.
Compreende-se a disputa entre o FBI e NYPD mas perde-se a postura e as motivações de Montgomery (Clive Owen) para as suas atitudes, particularmente este personagem com este ator que normalmente impregna de dura personalidade tão profundamente os personagens que encarna, como em; “Infiltrado” de 2006, “A Organização” de 2009, ou “Anon” de 2018, para só mencionar três exemplos, aqui mal tem tempo para aparecer e para nos dizer ao que vem e muito menos porque vem.
Di Stefano preocupa-se mais em nos mostrar a célula familiar constituída por Peter Koslow (Joel Kinnaman) um bom pai de família que teve azar numa luta de bar mas que só pretende uma vida pacata com a sua mulher, Sofia Hoffman (Ana de Armas) e a filha de ambos, em que Ana de Armas com o seu rosto bonitinho e corpo roliço, não exprime a angústia inerente aos acontecimentos nem a força necessária para lhes resistir e os seus grandes olhos e boca carnuda em demorados close ups constituem um fait divers para o espectador, em algumas cenas de tensão e angustia.
O argumento está construído com cruzamentos duplos e triplos, é coerente e movimentado e bem ao nível do género, mas parece que o realizador teve pressa em acabar a tarefa e não nos dá tempo, nem meios, para ajuizarmos as situações antes das mesmas serem descritas, ou comentadas, pouco depois pelos personagens. Falta intensidade dramática, falta envolvimento e sobretudo, numa das cenas finais, falta mostrar como Kinnaman, na sequência da cena mais empolgante do filme que lhe permitiu uma astuciosa fuga da prisão, mal tratado e queimado num incêndio, reverte a acção a seu favor dentro da ambulância contra três enfermeiros policias que o guardavam. Uma pena!...

Classificação: 5 numa escala de 10

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