Sinopse
“Le mans 66”: O Duelo”,
protagonizado pelos oscarizados Matt Damon e Christian Bale, é baseado na
história real do visionário car designer
Carroll Shelby (Matt Damon) e do destemido piloto britânico Ken Miles
(Christian Bale). Juntos lutaram contra os regulamentos, as leis da física e os
seus próprios demónios com o objetivo de construir um carro de corrida
revolucionário para a Ford Motor Company e vencer os carros de Enzo Ferrari nas
24 horas de Le Mans em França 1966.
Opinião
por Artur Neves
Numa observação ligeira pode
pensar-se que se trata de um filme de carros de corrida, ou até de máquinas de
competição em velocidade, mas “Le Mans 66” é muito mais do que isso, é uma
história de castas, de orgulho, de tenacidade e perseverança, de carne e sangue
suportados por máquinas de metal e fogo que chegam aos 320 km/h e sem levitar,
transportam o seu ocupante para o lugar do seu espírito e para a paz que este
pretende atingir na loucura do seu veloz deslocamento controlado.
Estamos na década de 60 e
Henry Ford II, (Tracy Letts). que recebeu o negócio do pai, confronta-se com uma
empresa paralisada. Os carros não agradam, vendem-se dificilmente, sofrem
desenvolvimentos menores que não agradam ao público, mas que aparentemente
servem a corporação, os seus pergaminhos, a sua tradição apoiada por uma bateria
de funcionários corporativos que apesar de endeusarem o seu patrão não lhe
trazem valor acrescentado, nem cash-flow
ao departamento comercial. Henry Ford II, sente-se preso na sombra do império e
subjugado pelo peso da herança.
Para se libertar dos medos
que o assaltam enverada pelo salto qualitativo do seu produto através da
conceção de uma máquina que possa vencer a Ferrari de Enzo Ferrari (Remo
Girone), na prova rainha de resistência da época; as 24 do circuito de Le Mans
em França, através da contratação do melhor profissional no ramo, Carroll
Shelby (Matt Damon), um piloto da Aston Martin que venceu Le Mans 1959 e que
teve de abandonar as provas por motivos de saúde.
É aqui que a batalha começa
e que será decidida na pista de Le Mans por Carroll Shelby que se fará acompanhar
pelo seu piloto de eleição Ken Miles (Christian Bale), imposto após dura luta ao
patrão da Ford que o recusa por não ter o tipo e a formatação corporativa dos
trabalhadores Ford.
James Mangold, realizador
americano, nascido em 1963, que já nos ofereceu “Vida Interrompida” em 1999, e "Heavy"
(1995), o seu filme mais dramático não passado em Portugal, constrói uma
história baseada num caso real que nos mostra a aspereza emocional do confronto
entre pessoas que embora situados em mundos diferentes precisam umas das outras
e sabem como conduzir os seus objetivos para concretizar as obras que darão
felicidade a ambos, embora se mantenham separados pela distância entre os seus
mundos.
Independentemente da personalidade
real de Carroll Shelby e Ken Miles, o argumento desenvolve personagens bem
conseguidos pelos seus intérpretes. Mat Damon constrói um britânico decidido,
com ideias e vontade própria embora algo melancólico e Christian Bale
apresenta-se como nunca o vira-mos, um americano rural, desbragado, calculista,
determinado nas suas opções e com uma família constituída pela mulher; Mollie
(Caitriona Balfe) que embora com um pequeno papel mostra sentido e determinação
em todos os seus atos, tanto no afeto por Ken, como na hora de impôr a sua
vontade quando sente fraqueza do lado de Ken, ou nos cuidados ao filho Peter
(Noah Jupe), mostrando que a felicidade familiar é uma componente de construção
diária e os três formam uma equipa equilibrada e coesa.
De toda esta história
ressalta o valor da determinação em alcançar um objetivo e constitui uma
homenagem justa a uma máquina, o modelo Ford GT40 que foi construído para
destronar a Ferrari que tinha sido vencedora do circuito das 24 horas de Le
Mans entre 1960 e 1965 consecutivamente, tendo conseguido esse trofeu em 1966
com três carros Ford nos 1º, 2º e 3º lugares, constituindo a nova referência da
marca que a potenciou no mercado. Muito interessante, bem construído e
interpretado, merece ser visto e recomendo.
Classificação: 8 numa escala
de 10
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