Sinopse
Uma mulher questiona as suas escolhas de vida enquanto
viaja com o marido para Estocolmo onde ele irá receber o Prémio Nobel de
Literatura.
Opinião
por Artur Neves
“The Wife” no original,
conta uma história de vida contida e sofredora, auto infligida por Joan
Castleman (Glenn Close) através de uma série de razões que este filme nos
mostrará, baseado na novela com o mesmo nome de Meg Wolitzer, justificado por
um amor imenso de Joan por Joe Castleman (Jonathan Price) seu professor de
escrita e posteriormente seu marido, na altura em que este foi nomeado para a
atribuição do reconhecimento de uma vida de trabalho como escritor, com o
prémio Nobel.
Tanto Glenn Close como
Jonathan Price estão excelentes no desempenho dos seus personagens, construindo
duas figuras consistentes e credíveis, cheias de vícios e de virtudes humanas,
das quais o realizador, Sueco, nascido em 1961, nos mostra a sua construção e o
seu passado comum que tem como consequência aquela ligação, quase perfeita e
harmónica entre dois seres, aparentemente cúmplices e conjugados no sentido da
sociedade, da vida de trabalho literário e da família que constituíram e
cuidaram.
Nathaniel Bone (Christian
Slater) é o putativo candidato a biógrafo do laureado, que este rejeita com
veemência, considerando as suas características intrusivas na vida dele e de
descodificação de todo um passado e de uma vida que Joe Castleman pretende
manter tal como a sociedade a vê. Nathaniel é o cínico que através do elogio e
do reconhecimento expresso, pretende levantar o “tapete” e expor o “lixo” que
lá foi escondido numa manobra literária de revelação que o promova e lhe
confira o destaque desejado que persegue. Só que para além dessa faceta
Nathaniel quer expor uma verdade escondida, enterrada nas almas de Joan e de
Joe e descoberta por ele através da leitura das obras mais galardoadas.
Ao fim de tantos anos de
convivência comum, Joan ainda sente amor pelo marido de uma forma contida a que
ela chama de tímida, reservada, cuidadora como fora sempre o seu papel naquela
ligação mas agora, após a nomeação, sente-se cansada e pergunta-se o porquê de
tudo aquilo. Ajudou-o toda uma vida, cuidou da manutenção de todos e aquele
prémio vem questionar-lhe o porquê desta distinção, onde ela de modo diferente
(de acordo com a consciência pública) teve uma parte relevante que executou no
silêncio e no anonimato dos dias e anos de coabitação. O seu filho David
Castleman (Max Irons) em choque frontal com o pai, advoga instintivamente a
defesa da mãe, que generosamente o compreende sem lhe manifestar apoio
excessivo.
Porém tudo tem limites e no
dia do prémio, na noite do jantar de comemoração com os laureados, Joan sucumbe
ao seu recalcamento, ao seu silêncio sofrido, ao seu amor/ódio pelo marido, ao
seu desgosto por si própria, à sua conformação por um estado de coisas á muito
insustentável mas que ela teimava em alimentar e manter, assumindo-se também
como culpada daquele gigantesco infortúnio, só que… agora é tarde… muito tarde
mesmo!…
Um drama familiar, muito bem
contado e interpretado, recomendo.
Classificação: 8 numa escala
de 10
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