Sinopse
Michael, recém-licenciado, jovem e idealista, consegue
o seu emprego de sonho nas Nações Unidas e dá por si no centro do programa
Petróleo por Alimentos da ONU. Com a ajuda do seu mentor Pasha, Michael prospera
no emprego mas, com o tempo, começa a aperceber-se da verdadeira corrupção que
está na base da conceção do programa. A única saída será denunciar tudo -
arriscando a sua própria vida, a carreira do seu mentor e a vida da mulher que
ama.
Opinião
por Artur Neves
A história contada neste
filme baseia-se no maior escândalo de corrupção e tráfico de influências dos
quadros da ONU envolvidos na gigantesca operação Oil for Food (Petróleo por Alimentos) que teve lugar em 2003, na
sequencia dos danos causados no país após a primeira guerra do Golfo permitindo
aos Iraquianos trocar preferencialmente o crude extraído dos seus poços de
petróleo por alimentos e bens essenciais que minorassem as necessidades
sentidas pela população, decorrentes do impacto causado pelas sansões
internacionais e pelo embargo dos USA ao regime de Saddan Hussein que governava
o Iraque.
Michael Soussan, o
autêntico, (representado no filme por Theo James) encontra a oportunidade da
sua vida profissional logo após a sua formatura em economia como coordenador de
um plano humanitário de real grandeza e grande visibilidade da ONU que ele
tomou como uma cruzada quando, ao se inteirar dos meandros da operação se
confronta com o maior escândalo de sempre, constituído por avultados subornos de
milhares de milhões de dólares aos principais agentes da operação dentro da
ONU, incluindo o homem que o guiou nos primeiros passos na organização, Benon
Sevan (Pasha no filme representado por Ben Kingsley) um cipriota que se exilou
em Nicósia quando os factos vieram a público no The Wall Street Journal, e que ainda lá se mantém beneficiando de um
acordo de não extradição.
É pois com este material
explosivo de denúncia para memória futura que Per Fly, realizador Dinamarquês com
filmes interessantes no curriculum tais como; “Arven” (2003) e “Mónica Z”
(2013) se “embrulha” num esquema de revelação do enredo logo no início da
história, pretendendo com isso levar-nos ao conhecimento dos factos através de flashbacks sobre a vivência do
protagonista no Iraque e da forma como ele chegou às conclusões que posteriormente
vem a revelar. É um filme sobre “o como”, acerca “do que”, temos conhecimento
apriorístico.
Só que para o thriller político e de ação, a que esta
história se prestaria a forma de abordagem escolhida por Per Fly retira-lhe
toda a tensão e toda a surpresa na identificação dos culpados, continuando
embora como um documento de denúncia, mas sem chama e sem a ilustração do castigo
da vergonha que uma fraude desta dimensão causa a uma organização que se
pretende impoluta e inatacável. Para ainda piorar as coisas o realizador
acrescenta-lhe uma historieta de amor falido, com a tentativa de inclusão do inerente
drama, que de modo algum salva o que foi estragado antes. Resta-nos todavia a
memória de honra e de carater de um homem bom, que sabia que ao revelar tamanha
fraude punha em risco a sua carreira e a sua vida, mas ainda assim, fê-lo. Vê-se
como documento histórico e fica-se com pena de não ser um thriller.
Classificação: 5 numa escala
de 10
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