7 de junho de 2018

Opinião – “Á Deriva” de Baltasar Kormákur


Sinopse

Do realizador de “Evereste” e protagonizado por Shailene Woodley (A Culpa é das Estrelas, saga Divergente) e por Sam Claflin (Viver depois de Ti, saga Jogos da Fome),”À DERIVA”é baseado na inspiradora história verídica de dois espíritos livres cujo encontro fortuito os leva ao amor e, mais tarde, à aventura de uma vida.
Quando Tami Oldham (Woodley) e Richard Sharp (Claflin), dois ávidos velejadores, se aventuram numa viagem pelo oceano fora, não se apercebem que estão a dirigir-se para um dos mais catastróficos furacões alguma vez registados. Após a tempestade, Tami acorda encontrando Richard gravemente ferido e o seu barco destruído. Sem esperança num possível resgate, Tami terá de encontrar a força e determinação para se salvar a si e ao único homem que alguma vez amou.

Opinião por Artur Neves

Este filme revela de forma dramatizada os eventos efetivamente ocorridos no oceano Índico a um casal de velejadores apanhados pelo furacão Raymond que inesperadamente muda de direção e destrói a embarcação que os transporta, fere gravemente o homem que não resiste aos ferimentos e mostra a tenacidade do espírito humano contra os elementos quando a raiva e a solidão deixadas pela perda do ser amado é mais forte do que a insuficiência causada pelas nossas próprias feridas, fome, sede e carências imprescindíveis à sobrevivência.
Para esta história essencialmente simples, o realizador Islandês, Baltasar Kormákur apresenta-nos os factos de maneira inteligente e motivadora, começando o relato fílmico nos destroços do barco após o efeito do furacão, contando-nos em flashback as razões e o modo como se chegou aquela situação.
A história destes dois espíritos livres, do seu encontro em Taiti, da formação da sua ligação amorosa, das suas motivações e das razões que os levaram a empreender aquela viagem formam uma linha de eventos que se vai cruzar com o relato do naufrágio e das vicissitudes subsequentes, formando a partir daqui uma só descrição dos 44 dias em que andaram “Á Deriva” em mar aberto, ao fim dos quais, só ela chega a terra nas costas da Califórnia.
Com este expediente, Baltasar Kormákur que conta no curriculum com filmes de sucesso como “Evereste” de 2015 e “Dois Tiros” de 2013 mantem-nos despertos e atentos ao desenrolar dos acontecimentos, complementado por um bom lote de efeitos especiais de caracterização que com grande rigor e profissionalismo simulam a degradação dos corpos curtidos pelo sol, pela fraqueza física e pelo agreste ambiente marítimo.
“De caminho” o filme também aborda a motivação dos espíritos livres, pessoas que vivem á sua maneira, sem peias nem ligações sociais tal como as conhecemos, justificando embora sem muita profundidade as razões da sua rutura com os cânones sociais. Estamos pois em presença de um filme interessante, fundamentalmente desempenhado por apenas dois personagens, interagindo constantemente mas que não nos satura, apesar de ser somente o relato de um desastre marítimo. Tami Oldman (a verdadeira) depois de recuperada e até aos dias de hoje ainda continua a velejar pelos mares deste mundo para se sentir mais próxima do amor da sua vida.

Classificação: 6,5 numa escala de 10

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