Sinopse
“O Muro” é um thriller
psicológico que acompanha dois soldados americanos encurralados por um sniper iraquiano, com apenas um muro
desmoronado a separá-los. O combate transforma-se numa guerra de vontades,
inteligência e precisão letal. Realizado por Doug Liman (“Mr. & Mrs.
Smith”, “Identidade Desconhecida”, “No Limite do Amanhã”). “O Muro” conta com
as interpretações do vencedor de um Globo de Ouro; Aaron Taylor-Johnson
(“Animais Noturnos”, “Kick-Ass”, “Selvagens”, “Godzilla”, #Vingadores: A Era de
Ultron”) e a estrela da WWE, Jonh Cena (“Descarrilada”, “Pai há só Um!”).
Opinião
por Artur Neves
Doug Liman afasta-se um
pouco do seu registo mais frequente de filmes de ação e traz-nos uma história,
vivida em clima de guerra, durante a última invasão do Iraque por tropas dos
USA, mas na vertente psicológica presente em todos os conflitos e em todas as
batalhas. Nem sempre é o mais forte a ganhar a guerra mas antes o mais
inteligente que consegue capitalizar a força do seu adversário em benefício
próprio.
É o que se passa nesta
história, em que “Juba” (Laith Nakli, nunca veremos os eu rosto na tela, apenas
a sua voz no rádio) o sniper
Iraquiano com fama de assassino pelo sucesso obtido em combate, depois de
atingir um dos soldados americanos, que confiando na sua superioridade abandona
o esconderijo violando normas de segurança e se aproxima do campo de morte que
deveria ter protegido, tenta estabelecer comunicação via rádio, com o outro
soldado em modos amistosos como se quisesse tornar-se seu amigo improvável
naquele inóspito deserto.
É aqui que reside a
verdadeira história deste filme, no modo subtil como “Juba” inicia a
conversação, sem pressas, em tom coloquial, primeiro fazendo-se passar pelo
“salvador” que o americano pretendia contactar, depois de descoberto, como o
“amigo” que poderia ter encontrado no centro comercial mais próximo, ali ao
virar da esquina do deserto. O diálogo que se trava é inteligente, culto e
coerente da parte de “Juba” e errático, desconexo, sem seguimento da parte do
americano que não apresenta discernimento para ripostar, nem para engendrar um
plano que possa equilibrar a situação crítica em que ele e o seu camarada se
encontram.
A história mostra-nos também
que os sofisticados meios técnicos ao dispor, de pouco servem se não os
soubermos pôr a funcionar, sendo naquele ambiente inóspito que a serenidade, o
sangue frio e a presença de espírito mais falta nos fazem. Características
essas presentes no diálogo de “Juba”, aliado ao conhecimento profundo do inimigo,
nas suas causas pífias, na sua confiança no seu poder, na sua fraqueza pessoal e
nos medos que ele explora, através de um diálogo insinuante com que pretende
“adormecer” a resistência do americano.
“Juba” tem os americanos à
sua mercê, mas estrategicamente mantem-nos agonizantes, inseguros, temerosos, com
a esperança de uma salvação que virá dos céus, porque a pátria e o seu comandante
nunca os abandonará e de facto ela chega, mas o resultado prático é que é muito
diferente do esperado. Este filme enquadra-se portanto no thriller psicológico
em ambiente de guerra, com alta intensidade dramática, credível que merece ser
visto.
Classificação: 6 numa escala
de 10
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