Sinopse
Lou Clark,
uma rapariga do interior, não tem muitas ambições na vida e trabalha como
empregada de balcão num café. Após o encerramento definitivo do
estabelecimento, teve de procurar um novo emprego. Sem muitas qualificações,
aceita a vaga para cuidar de Will Traynor, um empresário tetraplégico que
descarrega toda a sua amargura, naqueles que estiverem por perto e que está a
planear dar um fim ao seu sofrimento.
O que Will não sabe é que Lou está prestes a mudar a
sua vida.
Opinião por
Artur Neves
Ao ler o nome deste filme sugere-nos uma história de
drama, de dor pela morte de alguém. Ao ver o poster porém, essa sugestão dissipa-se considerando o sorriso
rasgado dos dois presumíveis protagonistas, recortados contra um fundo neutro
que não acrescenta nada à imagem. Ao procurar informação adicional constata-se
que o filme adapta a obra homónima de 2012, do escritor Inglês Jojo Moyes, que
também foi o autor do argumento, para a realização da primeira longa-metragem
de Thea Sharrock com alguma obra em séries para televisão.
Com estes dados a opção foi assistir ao filme
considerando que A priori nada
indiciava o seu verdadeiro conteúdo. No geral é uma história sobre a vida de alguém
que sofre um desastre que o torna tetraplégico, e a partir de certa altura, passa
a ser assistido nas suas insuficiências por Lou Clark (Emilia Clarke) e é aqui que
começam as incongruências. Lou Clark é pouco mais do que uma idiota,
considerando o seu comportamento corrente, as suas atitudes, as suas expressões
faciais com um encurvamento de sobrancelhas que lhe conferem uma expressão apalhaçada
(sem ofensa para os palhaços porque actuam noutro contexto) e um sorriso inconsequente
e risos frequentemente inapropriados à acção e não poucas vezes, inexplicáveis
para a cena em apreço (muito riso, pouco siso). Apresenta ainda uma fixação
inexplicável por chá, sem que, durante todo o filme, esse elemento tenha uma
aparição relevante.
Logo no início do filme somos induzidos a perceber o
acidente que motivou a paralisia de Will Traynor, (Sam Claflin) e o “amarrou” a
uma cadeira de rodas da nova geração, com iPod
e outras modernices tecnológicas que não compensam de forma alguma a perda
total de mobilidade e de independência que justifica o seu mau humor quase
constante, a sua tristeza e o seu secreto e legítimo desejo de opção por uma morte
assistida que ele está a preparar com o seu advogado. Todavia o filme
apresenta-nos sempre um personagem em pose de sentado ou deitado, sem nunca se
vislumbrar as suas dificuldades motoras, ou simplesmente qualquer limitação
impeditiva da mais elementar incapacidade fisiológica, numa história que
apresenta a eutanásia como um recurso de direito implícito.
Claro que um ser humano naquela condição deve ter o
direito de decidir sobre o seu destino, mas as suas razões devem ser mostradas,
em vez do caminho que o filme segue, pela tentativa de recuperação da “alegria
de viver” (verdade?...) através das “invenções” de uma quase atrasada mental,
que após confrangedoras situações porque faz passar o seu patrão ainda fica
chocada e ofendida quando se apercebe que ele continua firmemente decidido pela
opção de morte assistida. A ofensa é todavia de pouca duração, pois logo a
seguir dá-lhe um rebate de consciência, afivela o seu melhor sorriso, arqueia
as sobrancelhas, enruga a testa, e voa para a Suíça, para os braços do seu
amado, já no último estágio do seu objectivo libertário, para uma despedida romântica
ao melhor nível das novelas Mexicanas.
O mau gosto porém não se fica por aqui. O epílogo
desta história é vivido em Paris, numa esplanada onde ela toma conhecimento da
derradeira carta de Will Traynor e do dinheiro que ele lhe deixa, que lhe motiva
o mesmo sorriso que já víramos antes durante todo o filme e o impulso de compra
de um perfume de marca.
Ora bolas meus senhores, este filme é uma verdadeira
pessegada pela forma como é apresentada. O tema é verdadeiramente dramático e
já tem sido abordado com inerente dignidade, tal como em; “Sonhos Vencidos” de
Clint Eastwood, o filme brutal que é “Mar Adentro” de Alejandro Amenabar, ou
mais recentemente; “Amigos Improváveis” de Eric Toledano. Esta versão deste
drama é um completo desconchavo.
Classificação: 3 numa escala de 10
1 comentário:
Só para alertar que Jojo Moyes é uma autora, não um autor.
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