Sinopse
Jesse,
uma aspirante a modelo, muda-se para Los Angeles, e rapidamente vê a sua
juventude e vitalidade sugadas por um grupo de mulheres obcecadas com a beleza,
que farão o que for necessário para ter aquilo que ela tem.
Opinião
por Artur Neves
Esta é uma história de glamour, passerelles e mulheres belas que procuram o seu lugar ao sol seja a
que preço for. O problema é que o tempo para o conseguir é escasso e furtuito. Nada
nas suas vidas é constante, a natureza muda do dia para a noite e este filme mostra-nos
essa vacuidade de uma forma extraordinariamente sugestiva e impressiva. O filme
não se detém sobre a moralidade do “mercado da carne” ao serviço da moda, nem
tão pouco sobre a perversão da beleza que utiliza, mas antes mostra-nos em takes perfeitamente definidos e
cirurgicamente trabalhados em todos os detalhes o limite da perversão humana na
obtenção dos seus objectivos quando cegamente vectorizados.
Nicolas Winding Refn, Dinamarquês
de origem, realizador e autor do argumento deste filme, já nos tinha
surpreendido anteriormente em obras de semelhante profundidade embora sobre
outros temas, refiro-me a “Só Deus Perdoa” (2013) sobre a vingança e “Bronson”
(2004). Nesta história porém, todos os limites são ultrapassados numa primeira
parte aparentemente “normal” mas onde se prepara o ambiente e a motivação para
a explosão gore numa segunda parte, corporizando a assombração dos desígnios da
condição humana, quando afectada pela raiva e pela inveja inultrapassáveis do fracasso,
sem esperança de retorno ou remissão.
Esta história mostra-nos também a
simplicidade da verdadeira beleza, de que me recordo de alguém ter dito; “A
verdadeira beleza não é a que se vê mas a que se adivinha”, que parecendo
igual, possui em si artefactos que a diferenciam, que cativam quem a observa
mas também capturam quem a possui, como se a sua permanência devesse ser imune
ao contexto que a cerca, para preencher a nossa necessidade de perfeição tangível.
O fotógrafo principal das sessões apreendeu isso ao primeiro olhar e isso é-nos
mostrado de uma forma inteligente.
Todo o filme é realizado a “régua
e esquadro”, procurando uma perfeição geométrica através da sequenciação de
cenas completas mas que se complementam entre si na visualização da história
que o filme conta. A música faz o resto, o ritmo é House, e a sua aparição está meticulosamente preparada de acordo
com a tensão que se constrói no desenvolvimento da acção. Filme bem
estruturado, bem descrito e construído, com cenas surpreendentes, que vale a
pena ver por constituir também uma denúncia sobre o negócio da moda.
Classificação: 8 numa escala de
10
Sem comentários:
Enviar um comentário