Sinopse
Bastien, 13 anos, é filho
único… mais ou menos. Os divórcios e namoros de seus pais e padrastos
resultaram em seis meios-irmãos e irmãs. Isto significa muitas mães, muitos
pais e muitos quartos em que as crianças passam algumas noites antes de irem
para casa de outro dos seus pais. Bastien fartou-se e põe em acção um plano
revolucionário: os miúdos vão viver num só local e vão ser os adultos a fazerem
as rotações.
Confrontados com as
complicações que impingiram na vida dos seus filhos, os pais aceitam
experimentar, com relutância, este novo plano de Bastien… esperando
secretamente que tudo volte ao normal. Mas nada acaba como esperado e são os
adultos que, graças aos sete filhos, descobrem que uma família fragmentada se
pode unir em solidariedade nesta confusão de casa.
Opinião
por Artur Neves
São de facto muitos os
membros desta família resultante de vários casamentos e “descasamentos”
(divórcio será um termo demasiado sério para o que se passa aqui) donde
resultou uma extensa prole que sofre com as mudanças de local de habitação ao
sabor da convenção e da disponibilidade dos adultos que os enquadram. Daqui resulta
uma verdadeira “Revolta na Bounty”,
por parte dos mais novos, que vai expor as limitações e os conflitos dos nossos
cânones sociais que apesar de serem conhecidos e reconhecidos, só muito
lentamente as sucessivas gerações vão encontrando soluções adaptadas, ainda que
individuais e particulares de cada caso.
Claro que em registo de
verão quente… muito quente… esta temática tão nuclear da nossa existência colectiva,
só pode ser abordada de modo ligeiro, embora na história, nos diálogos, nas
acções e nas escolhas que desfilam aos nossos olhos toda a problemática está
bem retratada em toda a complexidade dos relacionamentos heterossexuais versus casamento. Através dos tempos os
relacionamentos mantiveram-se e mantêm-se, os casamentos é que têm de mudar e
mudam, porque no limite, o amor continua e é perene como a relva.
Meu caro leitor, não se
admire com a minha prosa, pois eu entendo que não há assunto por mais sério que
seja, que não possa ser abordado com ligeireza, tal como neste filme, que pega
nesta eterna questão, de “cernelha”, expurga-lhe o sofrimento inerente,
reformula a acção do ponto de vista de um punhado de jovens actores bem conduzidos,
e apresenta-nos esta problemática pelo lado lúdico das inconveniências de
calendário, da confusão dos horários e das obrigações e de outras condicionantes
exógenas dos adultos que lhes deram origem e apresenta-nos um filme bem-disposto,
coerente, surreal q.b., que nos faz passar um tempo divertido e até por vezes
emotivo.
A história está
razoavelmente bem urdida, Bastien (cujo nome do jovem actor não consegui
encontrar) corporiza um líder convencido do seu papel, que nos faz sorrir e
também pensar na continuidade do amor, embora adaptado à época. No final temos
um filme que podemos classificar como; “água com açúcar” mas que se lhe juntarmos
uma parte de sumo de citrino e adicionarmos um pouco de gás, ficamos com uma
bebida para ser tomada bem fresca, capaz de amenizar a temperatura dos dias.
Classificação: 5,5 numa
escala de 10
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